Devido às exigências sanitárias para estabelecimentos como bares e restaurantes atuarem neste período de pandemia as empresas vêm se readequando às normas em meio às dificuldades e novas experiências. A fiscalização intensa com base principalmente na orientação pode ter sido um dos fatores que levou a região a se manter na fase amarela no Plano São Paulo.
A chefe de Fiscalização de Posturas da Prefeitura de Araçatuba, Silmara Pacce, explica que há praticamente um ano os fiscais da prefeitura têm trabalho de forma intensa, além do horário de expediente, cumprem jornadas extras em forma de plantões a noite, de madrugada e aos finais de semana.
Orientação
Ela explica que em todos os casos, principalmente no início da pandemia, havia muitas dúvidas dos comerciantes. Por este motivo, em um primeiro momento os fiscais dão ênfase na orientação. No entanto, com o passar do tempo foi possível notar que alguns estabelecimentos, mesmo com repetitivas orientações, estavam sendo reincidentes nas irregularidades. Nestes casos, para coibir, começaram a ser emitidas as autuações.
A chefe da fiscalização explica que as equipes atendem a muitas denúncias. Mas em boa parte dos casos, as informações são imprecisas, principalmente em festas e eventos clandestinos. Quando os fiscais chegam o horário, a data e também endereço não batem com a denúncia. Os fiscais atuam desde estabelecimentos que funciona legalmente até festas clandestinas e aglomerações como partidas de futebol.
Silmara ainda explica que muitas vezes a população entende que a fiscalização não está agindo em determinados locais. Um dos exemplos é o restaurante Band Beer Music, na rua Bandeirantes. “As pessoas passam e vêm muitos carros alí na frente, mas não sabem que o espaço nos fundos é grande e aberto, e pensam que está havendo aglomeração além do limite permitido de 40%”.
Contratação
O proprietário do estabelecimento, Leonardo Braz Amorim foi procurado pela reportagem e explicou que tem sido alvo constante de fiscalizações, tanto do Estado quanto do município, mas está trabalhando dentro das exigências sanitárias. No início recebeu orientações e hoje atende a todas as exigências, inclusive a capacidade de público, limitada a 40%, ele tem restringido a 30%.
Leonardo disse que seu estabelecimento tem 1080 metros quadrados, sendo 90% de área aberta. Neste período ele contratou mais seguranças para evitar que os clientes saiam da mesa sem máscara, e também para evitar que fiquem de pé ou façam aglomeração nas mesas. Ele explica que para evitar aglomeração em frente ao estabelecimento, quando o ocupação de 30% que está utilizando chega ao limite, fecha as portas e não permite mais a entrada de ninguém. “Mesmo saindo algumas pessoas no decorrer da noite nós não abrimos para novos clientes, para evitar que eles fiquem aglomerados esperando vaga”, explicou.
O empresário ainda explicou que às vezes têm sido alvo de críticas devido à grande quantidade de carros estacionados no quarteirão onde mantem o estabelecimento. “Mas as pessoas não sabem que temos um espaço de mais de mil metros quadrados no fundo, e pensam que é só a parte da frente, onde fica apenas a entrada”, explicou. Antes do horário limite ele começa a encerrar as atividades afim de que a dispersão do público seja feita a tempo.
Equívocos
A chefe da fiscalização também explicou que na avenida da Saudade tem um estabelecimento que as vezes há concentração de pessoas na frente. “Alí a gente sabe que o proprietário fecha e restringe a entrada para manter o número permitido de pessoas, mas o público acaba ficando na parte da frente, gerando dificuldade para dispersão”.
Silmara explicou um outro caso que presenciou no Quintal Cultural, na rua Cussy de Almeida. Quando a fiscalização chegou havia três pessoas em pé ao lado da calçada, além de outras duas. No entanto, as três estavam aguardando um motorista de aplicativo que logo chegou e as levou, e outras duas eram fumantes que havia se levantado da mesa e estavam na beira da calçada. São situações que às vezes quem passa não consegue interpretar o que realmente acontece.
O proprietário do Quintal e do Dom Ramon, Leandro Carvalho, disse que vem se readequando e seguindo todas as orientações da fiscalização, e inclusive teve queda nas vendas e dispensou 16 pessoas de sua equipe fixa, com registro em carteira, para seguir as regras.
Restrições
Com espaço restrito no Dom Ramon, teve de diminuir o atendimento e durante a semana não está abrindo o pavimento superior. Como alguns pratos demoram para ser preparados, com 1h20 de antecedência ele anuncia o fechamento da cozinha. Nos dois estabelecimentos a ocupação está limitada em 40% e minutos antes do prazo limite a equipe já começa a recolher as mesas, para que às 22h as luzes já possam ser apagadas.
Para evitar aglomeração, não estão sendo feitas vendas para pessoas que estão sem mesa. No entanto, ele já presenciou grupo de pessoas que chegam com cooler de bebidas e sentam nas calçadas de prédios vizinhos e ficam bebendo a noite e conversando, mas nada tem a ver com seus estabelecimentos e acaba não tendo controle sobre este público.