O senador Flávio Bolsonaro (PL) explicou que a pressão exercida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a Receita Federal para recuperar joias apreendidas foi motivada pela troca de governo no Palácio do Planalto. Segundo Flávio, a transição de Jair para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez com que o ex-presidente tomasse “providências”.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Flávio Bolsonaro afirmou que Jair Bolsonaro não agiu pessoalmente, mas por meio de seu ajudante de ordem, que tinha como objetivo desembaraçar o acervo pessoal e público do ex-presidente.
Na entrevista, Flávio Bolsonaro argumentou que a comitiva brasileira desconhecia o conteúdo do pacote apreendido pela Receita. “Ninguém sabia o que tinha lá dentro. Podia ser um copo de água, ninguém sabia.”
Ele ressaltou que, se houvesse má-fé, ninguém teria passado pelo raio-x da Receita em um voo comercial. Além disso, defendeu a inocência do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que liderava a comitiva na época.
Entenda
Uma reportagem do Jornal Estado de S. Paulo revelou que uma comitiva do governo, a mando do presidente Jair Bolsonaro, tentou trazer para o Brasil, de forma ilegal, joias feitas em diamante. O valor total das peças é estimado em 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões de reais.
As joias foram encontradas na mochila de um militar que compunha a assessoria do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que retornava de uma viagem ao Oriente Médio em outubro de 2021.
As joias foram retidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Após ser informado sobre a retenção, Bento Albuquerque tentou recuperar os diamantes, argumentando que eram presentes do governo da Arábia Saudita para a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Entretanto, o agente da Receita manteve a apreensão dos acessórios, pois a legislação da Receita Federal determina que todo bem que ultrapasse mil dólares deve ser declarado ao órgão para que possa entrar no Brasil.
Desde então, foram feitas quatro tentativas frustradas do ex-presidente Bolsonaro para reaver as joias de diamante. Ele tentou usar dos ministérios da Economia, Minas e Energia, Itamaraty e também militares. A última tentativa teria sido no dia 29 de dezembro, quando faltavam três dias para acabar o mandato de Jair Bolsonaro.