A Santa Casa de Araçatuba tem apenas três leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis para pacientes com diagnóstico positivo ou suspeita de Covid-19. Dos 25 leitos disponíveis no hospital, 22 estão ocupados, o que equivale a 88% de ocupação. É o maior índice registrado desde o início da pandemia.
Os 22 pacientes são de Araçatuba e de outros municípios da região, já que o hospital é referência para 40 cidades do Noroeste Paulista. Dos internados, 13 têm diagnóstico positivo para Covid-19 e nove apresentam sintomas da doença e são considerados casos suspeitos da infecção. Na enfermaria da Santa Casa estão internados 43 pacientes, restando 17 leitos, uma ocupação de 71,6%.
O agravamento da pandemia, com o aumento de casos, internações e mortes, levou médicos a gravarem vídeos e áudios alertando sobre o colapso imitente do sistema hospitalar. O presidente da Unimed Araçatuba, Flávio Garbelini, disse, em vídeo gravado pela assessoria de imprensa do hospital, que há uma preocupação de que os leitos cheguem ao final.
O Hospital Unimed abriu uma nova UTI esta semana, transformando a UTI Geral em UTI Covid, o que possibilitou a abertura de 24 leitos para pacientes com a infecção pelo novo coronavírus. Os pacientes da UTI Geral foram levados para a recuperação do centro cirúrgico e os leitos que atendiam pacientes com outras doenças, como infarto e AVC, agora recebem os doentes com Covid.
Hoje, o Hospital Unimed Araçatuba tem 22 pacientes internados em suas duas UTIs e 23 estão em leitos de enfermaria, totalizando 45 hospitalizados.
“Nós temos condições de abrir mais alguns leitos, mas é preciso ter também funcionários capacitados, medicamentos e insumos e não sabemos até quando as empresas terão medicamentos e sedativos para nos fornecer. Precisamos diminuir a entrada de pacientes no hospital”, afirmou Garbelini. “Estamos chocados e entristecidos com o número de pessoas que vêm morrendo”, completou.
Para isso, ele fez um apelo para que a população use máscara e mantenha o distanciamento social mesmo em casa. O cuidado é necessário, segundo ele, porque não dá para saber se a pessoa que está ao lado está contaminada ou não.
Ele também afirmou que é imprecindível evitar aglomerações fora e dentro de casa. “Os 15 dias serão de muita preocupação. Se ficar neste ritmo, não teremos leitos nem pessoas para atender pacientes”, alertou.
“Estamos em colapso”
O médico Vinícius Nakad, intensivista do Hospital Unimed Araçatuba, também fez um alerta, em áudio gravado e compartilhado nas redes sociais.
“Chegou um determinado ponto que praticamente não temos mais vagas de UTI na nossa região. Chegou aquele momento que o dinheiro não vale nada. Ahh eu vou pegar um avião e vou para o Einstein ou Sírio, não tem vaga. Ahh eu vou para os Estados Unidos, você não vai entrar nos EUA de avião. A coisa ficou feia, estamos em colapso”, afirmou.
Nakad disse que o sistema hospitar já está em colapso e pede que as pessoas não saiam de casa. “A coisa ficou feia, estamos em colapso. Não saiam de casa, não aglomera, não vai jogar baralho, não vai na academia, não é hora de ir na missa”, enfatizou, dizendo estar apavorado com a situação.
Nessa sexta-feira, Araçatuba registrou 13 novas internações, totalizando 90 pacientes internados, um recorde desde o início da pandemia. Também foram confirmadas cinco mortes, chegando aos 310 óbitos. Em relação aos casos, foram notificados mais 135 casos positivos e 391 casos suspeitos da infecção. Outras 835 pessoas estão à espera de resultados de exames.