Pacientes que foram ao pronto-socorro municipal de Birigui nesta terça-feira (2) reclamam da demora no atendimento, que em alguns casos, já ultrapassa as cinco horas de espera. A informação é de que o único médico que atendia no local encerrou o plantão às 12h e não houve substituição.
A operadora de injetora Jucinara Batista Fonseca, 38 anos, contou à reportagem do Regional Press que chegou ao PS por volta das 13h e, até as 15h50, ainda não havia sido atendida. Ela relata que está com fraqueza, dor no estômago, com febre e manchas pela pele.
“Ninguém fala nada para a gente, ninguém dá uma explicação do que está acontecendo. A única coisa que disseram é que o pronto-socorro está sem médico”, afirmou.
Outra paciente que se identificou como Marisa contou que tem pressão alta e procurou uma Unidade Básica de Saúde na manhã desta terça, mas recebeu a informação de que não estavam atendendo. Com muita dor de cabeça, ela seguiu para o PS, onde chegou às 14h30. Até as 16h, não havia sido atendida.
“Isso aqui está um caos, tem várias pessoas que chegaram cedo e estão aguardando atendimento ainda”, disse, indignada.
O pronto-socorro tinha idosos e até paciente com fratura à espera de atendimento, nesta tarde. Um deles, que pediu para não ser identificado, contou que chegou às 11h e não conseguiu passar pelo médico. “É um desrespeito com a gente isso, uma humilhação, falou.
Entenda
A Prefeitura de Birigui reassumiu a gestão do pronto-socorro do município na noite do dia 26 de janeiro, sob a justificativa de que o contrato com a OSS (Organização Social de Saúde) Irmandade Santa Casa de Birigui, que até então gerenciava os serviços de urgência e emergência da cidade, havia se encerrado em 31 de dezembro de 2020. A Prefeitura não reconheceu um termo aditivo que prorrogava o contrato até o final deste mês.
A partir daí, os funcionários da OSS, que estavam com os salários atrasados, foram demitidos e o atendimento vem sendo feito por 25 servidores municipais por turno. Conforme o município, este número seria suficiente para garantir que a população fosse atendida.
Paralelamente a isso, a Prefeitura fez um processo seletivo para a contratação de 144 profissionais da saúde, entre enfermeiros, técnicos em enfermagem, recepcionistas e porteiros, que deverão trabalhar no PS. O resultado, no entanto, ainda não saiu.
Saúde da Família
A crise da saúde em Birigui atinge também o programa Estratégia Saúde da Família. Onze médicos suspenderam as consultas eletivas e passaram a atender apenas casos de urgência, emergência, pré-natal e Covid-19. O motivo é o atraso nos salários de dezembro, que não foram pagos pela OSS.
De um lado, a OSS alega que não recebeu da Prefeitura os repasses previstos em contratos e, assim, não teria como pagar os médicos e os funcionários.
De outro, a Prefeitura diz que aguarda análise jurídica da legalidade dos repasses, pois a entidade possui apontamentos no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), teve repasses estaduais cortados e é uma das investigadas na Operação Raio X, que apura desvios de recursos da saúde por meio de contratos entre OSSs e municípios.
Município
A reportagem questionou a Prefeitura sobre a situação no pronto-socorro. Assim que o município enviar a resposta, ela será publicada nesta matéria.