A Justiça de Araçatuba concedeu benefício de prisão domiciliar a Grayce Kelly Regina Daniel, 27 anos, que havia sido presa em flagrante por tráfico de drogas no último dia 15 de novembro. Ela saiu da cadeia oito dias depois.
Na decisão, o juiz Wellington José Prates, titular das 2ª Vara Criminal de Araçatuba, estabelece que Grace deve observar as seguintes condições: comparecer a todos os atos do processo; não mudar de residência sem prévia comunicação nos autos e ter recolhimento ininterrupto em sua residência.
Para conceder o benefício, o magistrado observou que a acusada é mãe de quatro filhos menores de 12 anos e que, nesse caso, é possível adotar disposições já estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal. O Ministério Público de Araçatuba foi contra o benefício. O juiz negou, contudo, a liberdade provisória a outros dois presos no mesmo flagrante, um dos quais o amásio de Grayce.
O pedido foi feito pelo advogado criminalista Jair Moura. “Decisão acertada do juiz pois o dispositivo tutela as crianças, os portadores de deficiência em detrimento da proteção integral e da prioridade absoluta que lhes confere a ordem jurídica brasileira e internacional. Não podem ser afastados do convívio de seus pais ou entes queridos, logo em uma fase da vida em que se definem importantes traços de personalidade”, disse Moura.
A prisão
Os acusados foram presos na manhã de domingo, 15 de novembro, pela Polícia Militar no bairro Água Branca. Na ação, foram apreendidos mais de R$ 20 mil em dinheiro, que segundo a polícia seria proveniente do tráfico de drogas, tabletes de pasta base de cocaína, além de crack e maconha.
O flagrante ocorreu na Rua Joana Favarin Jorge. Os PMs suspeitaram de movimentação suspeita na frente de uma casa, já conhecida nos meios policiais por ser apontada como ponto de distribuição de drogas à menores que trabalham para o tráfico.
Ao notar a polícia, um morador trancou o rapidamente o portão, o que levantou ainda mais a suspeita. Ato contínuo, um homem correu do local e jogou numa moita uma sacola com 65 pinos de cocaína. Detido em um pasto, ele disse aos policiais que não poderia dar detalhes sobre o esquema, pois o pessoal onde ele havia pego o entorpecente era perigoso.
Segundo a polícia, a casa de onde o acusado saiu pertence a Grayce e ao amásio Vinicius Batista, de 20 anos. Ela é irmã de Caíque Junio de Souza Soares, o Caiquinho, acusado de ser o líder do tráfico na zona leste de Araçatuba e que está foragido da Justiça.
De acordo com investigação da Polícia Civil, Caíque está envolvido em vários homicídios de outros traficantes e usuários de drogas no bairro, tudo isto para manter seu poder e domínio do comércio ilícito de drogas.
Outras equipe da PM foram solicitadas para dar apoio à ocorrência depois do encontro dos pinos de cocaína. De acordo com boletim de ocorrência, o casal tentou impedir a ação policial e o morador jogou uma mochila e um saco com drogas e dinheiro para uma casa vizinha, que pertence a mãe e ao padrasto de Grayce.
Cão Pitbull
No momento em que os policiais entravam na casa, a moradora soltou um cachorro Pitbull e, segundo os PMs, ela teria incitado o animal a atacar.
O cachorro foi em direção a um dos PMs e pulou. O militar disparou um tiro no animal, que morreu na hora. Grayce retornou para dentro de casa onde seu companheiro estava. Ambos partiram para cima dos policiais. Vinicius estava exaltado e os PMs tiveram de usar uma arma de choque (teaser) para contê-lo.
Os PMs fizeram busca na casa e encontraram mais um kit com 31 pinos contendo cocaína, nove invólucros com maconha e uma fração de tijolo de maconha. Dentro do guarda-roupa da acusada foi encontrada a quantia de R$ 9.345,00. No muro onde o acusado estava aos fundos, foram encontrados dois tabletes de pasta base de cocaína.
Na casa da mãe da acusada, os policiais encontraram dois tijolos de crack num saco preto, que estava dentro da mochila que o rapaz arremessou por cima do muro. No local os policiais também encontraram um pacote com dinheiro contendo R$ 11 mil.
No total foram apreendidos R$ 20.350 em dinheiro, 2,9 quilos de pasta base de cocaína, 2 quilos de crack, além de pinos de cocaína e porções de maconha. Grayce, o amásio, o padrasto dele e mais o homem que foi até a casa para pegar o kit de cocaína para vender foram presos em flagrante por tráfico de drogas.
Audiência de Custódia
O indiciado Rafael de Oliveira, de 33 anos, padrasto de Grayce e apontado como o responsável por esconder a droga e o dinheiro jogados pelo muro da casa vizinha, foi o único a ser liberado na audiência de custódia, realizada um dia após a prisão.
O Ministério Público de Araçatuba recorreu da decisão e o pediu a decretação da prisão preventiva de Rafael. A desembargadora Gilda Alves Barbosa Diodatti, da 15ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, atendeu ao pedido e determinou a prisão preventiva do acusado, que não foi encontrado e está foragido.
Grayce Kelly já havia sido presa por tráfico de drogas em setembro de 2019 no mesmo local. Na ocasião, a polícia apreendeu 125 pinos de cocaína. Ela também foi presa por tráfico em agosto de 2018 e em abril de 2017. A acusada registra, ainda, um crime de porte de arma em 2013.