A quarentena em vigor em boa parte do Brasil como objetivo de manter o isolamento social, recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), como medida efetiva para conter o avanço do novo coronavírus, vem causando uma série de perdas econômicas em todo o mundo, e em Araçatuba, o cenário não é diferente.
De acordo com o presidente do Sincomércio local, Gener Silva, as vendas foram extremamente abaixo da normalidade para os meses de março e abril, mesmo com a data comemorativa do Dia das Mães, a segunda mais esperada pelos comerciantes. Em entrevista à Folha da Região, Silva destacou que ainda não há como mensurar em números os prejuízos, justamente porque os comerciantes estão fora de seus estabelecimentos. Ele ainda ressalta que o sindicato impetrou com um mandado de segurança coletivo na Justiça pedindo a liberação do comércio.
Leia a seguir a íntegra da entrevista.
Como foram as vendas em março e em abril deste ano?
Como previsível, abaixo da normalidade e abaixo da previsão destes mesmos meses do ano anterior Portanto, as vendas foram péssimas, sofríveis, insignificantes, dada as medidas legais adotadas pelas autoridades no tocante ao funcionamento do comércio.
Qual o prejuízo estimado pelo setor devido a pandemia nestes dois meses?
Altamente complexa a previsão do prejuízo, pois não há como aferir diretamente com os empresários do comercio Houve uma disrupção involuntária funcional, obrigatoriedade legal de não praticarem o ato de comércio, e se não podem e não devem funcionar (inclusive com fiscalização intensa), não houve condições da abertura do comércio para contatá-los para conferir. Sabemos pela mídia geral, imprensa e verificação pessoal, que o comercio não “abriu”, não funcionou. O prejuízo foi de alta monta, empresários praticamente sem vendas, atingindo desta forma altíssimo percentual de um prejuízo financeiro/econômico perigoso, com viés de colapso total!
Qual a orientação do Sindicato aos empresários?
Por primeiro, impetramos um Mandado de Segurança Coletivo (um prerrogativa constitucional do sindicato) contra ato do governador e prefeito, solicitando através da justiça, a possibilidade de abertura normal do comércio, tomando todas as providências de prevenção contra o coronavírus, orientadas regular e legalmente pelas autoridades, a exemplo, do funcionamento dos supermercados. O raciocínio é simples, se o supermercado pode funcionar obedecendo às regras de prevenção, como o uso de máscaras, distanciamento mínimo, em função do elevado numero de clientes, logicamente as micro e pequenas empresas que constituem o maior número no comércio do país, sendo que na região representa cerca de 85%, e que também somam o maior número de empregados, mais que as grandes empresas, não podem abrir? O perigo de contágio seria bem menor, porque o número de clientes também é bem menor. A lei é para todos, com princípio legal, social e empresarial, de isonomia.
Na opinião pessoal do presidente, Gener Silva, como serão os próximos meses? O que esperar?
Minha opinião pessoal é mais ácida, porque se estamos pensando e agindo nesta crise sem precedentes com foco na saúde pública, na pessoa física, nada contra, eu estou de acordo. Porém, temos também que pensar e agir na saúde financeira, econômica da pessoa jurídica. Podemos chegar a um ponto paradoxal, muitos com saúde física, porém com a saúde jurídica falida e os empresários com saúde física, mas, absolutamente sem saúde empresarial! Sem contar que os desempregados em um número assustador terão saúde física, sem saúde financeira (como pagar suas contas, escolas, alimentação, etc).
O que setor tem buscado fazer para driblar essa situação?
Nossa orientação institucional é a da preservação primeiro da saúde, seguir as orientações das autoridade sanitárias, entretanto, se possível, agendar hora e dia para encontros de negócios diretamente com seus clientes, afixar o número do telefone móvel na vitrine para agendar atendimento pessoal, inclusive tipo ‘delivery’, atender os agentes e autoridades constituídas, procurar o Sincomércio de Araçatuba quando e se houver dúvidas e problemas, entre outras sugestões, mas principalmente apostar e aplicar a prática do e-commerce! Nada pode invalidar toda e qualquer iniciativa e criatividade do empresário nesta crise, somente ele sabe e conhece seus problemas, suas dores.