Pelo menos no que diz respeito à história de Araçatuba, a rede social acaba de fazer cair por terra a ideia de que fotos ou objetos antigos são “coisas de museu”. No feriado do último dia 1º, um grupo de apaixonados pelo passado do maior município da região criou, no Facebook, a página “Memória de Araçatuba”. Desde então, o envolvimento da população tem sido estrondoso. Em duas semanas, o grupo já conseguiu somar cerca de 23 mil participantes e em menos de um mês já está com 30 mil membros.
https://www.facebook.com/RegionalpressOficial/videos/334060537558998/
Outros números chamam atenção. Em média, quase 1,5 mil novas adesões diárias são feitas. As postagens chegam a pouco mais de 600 por dia, a maioria delas acompanhadas por fotografias. Muitas dessas imagens eram até desconhecidas do grande público, não fazendo parte de acervos de museus nem de órgãos públicos.
São registros de lugares famosos quando ainda não tinham nem asfalto ou do tempo em que índios habitavam o município. Até mesmo um desfile de 7 de setembro de 1945, quando a Segundo Guerra Mundial estava terminando, fez sucesso entre os participantes recentemente.
A página é uma verdadeira viagem ao tempo. Os mais idosos, certamente, vão lembrar da antiga rodoviária do município e de turmas de tempos idos do tradicional IE (Instituto Educacional) Manoel Bento da Cruz. Ou ainda do ponto de encontro que foi no passado o Supermercado Pastorinho, hoje inexistente.
Algumas fotos revelam a grande mudança da paisagem urbana da cidade, como a antiga estação ferroviária no trecho onde, há mais de duas décadas, foi inaugurada a Avenida dos Araçás, como consequência do término do processo de retirada dos trilhos.
Há, por outro lado, imagens que revelam tradições de costumes de uma cidade caracterizada pelo clima quente, como os vendedores ambulantes de sorvete. Retratos permitem concluir que, há décadas, estes humildes senhores circulam pelo município com seus carrinhos, oferecendo a saborosa iguaria a todos que circulam por ruas, avenidas e praças.
Lembranças escolares, de festas e de passagens de pessoas famosas pela cidade estão entre as postagens mais feitas no grupo virtual.
GERÊNCIA
O grupo foi criado por Pedro Augusto Chagas Júnior e conta com ajuda de administradores, dentre os quais o repórter-fotográfico Ângelo Cardoso, que possui vasto material sobre a história da cidade. Se depender deles, a página dedicada à memória da cidade ficará ainda mais rica. O vereador a advogado Alceu Batista de Almeida Júnior conta que, recentemente, ganhou de um morador mais de 1,6 mil fotos que, logo, foram digitalizadas e, em breve, serão disponibilizadas no grupo. “É muito bacana. O pessoal está gostando e se divertindo. Há muita gente dizendo que este espaço está mais interessante do que o Facebook em geral, onde as pessoas só falam de política e de coronavírus”, diz Alceu. “Ali ocorre o contrário. As pessoas estão se deleitando com as fotos, as informações…”.
Administradores do grupo não descartam a hipótese de que as postagens possam servir até mesmo para publicação de uma obra. Hoje, duas obras têm o passado do município como tema: “História de Araçatuba”, de Odette Costa e Célio Pinheiro; e “A verdadeira história de Araçatuba”, de Fabriciano Juncal. Estas são duas grandes obras, mas falam mais sobre o início de Araçatuba. No grupo, ha muitos fatos da história contemporânea. É toda uma história resgatada. (Por: Arnon Gomes)