Turistas de quatro cidades da região de Ribeirão Preto (SP) tiveram que dormir na rua em Guarujá (SP) depois que os ônibus nos quais eles seguiram viagem até o litoral foram apreendidos por falta de documentação.
Os passageiros dizem que o dono da empresa contratada para o transporte não prestou nenhum tipo de assistência, e que eles ficaram com a roupa do corpo entre a tarde de domingo (22) e a manhã de segunda-feira (23).
“A gente ficou de biquíni até no outro dia às 6h”, diz a dona de casa Luciana Camilo.
Diversão que virou pesadelo
Ao todo, 90 pessoas de São Joaquim da Barra (SP), Miguelópolis (SP), Morro Agudo (SP) e Guaíra (SP), onde fica a transportadora Tafatur, deixaram o interior de São Paulo em dois ônibus no domingo (22). Cada uma delas pagou R$ 120 pela viagem de um dia em veículos com wi-fi, ar-condicionado e TV.
Conforme acertado com a empresa, os passageiros deveriam passar o dia todo na praia e retornariam na mesma data. A previsão era estar de volta a Guaíra na madrugada de segunda-feira (23).
A professora Érica Lelis de Souza diz que descobriu o problema com os ônibus durante a tarde, quando começou a chover e ela tentou contato por telefone com o responsável.
“Eu falei: ‘onde a gente se encontra para pegar o ônibus?’. Aí que ele mandou um áudio falando que o ônibus tinha sido preso e que não íamos embora. Eu entrei em desespero. Fiquei louca”, afirma.
Abrigo improvisado com toalhas
As famílias se reuniram para cobrar explicações, mas dizem que foram ignoradas e não receberam nenhum auxílio da empresa.
Sem ter onde ficar e sem acesso aos veículos apreendidos, onde estavam os objetos deles, os passageiros se concentraram no ponto de embarque e tiveram que improvisar um abrigo. Eles usaram toalhas para forrar o chão e deitar.
“Foi angustiante. A hora que eu soube que os ônibus estavam presos e não ia ter como voltar para casa no mesmo dia, eu fiquei muito angustiada. Chorei a madrugada toda. Nós não fomos preparados porque era bate e volta. Nós fomos pegos de surpresa”, diz a diarista Lúcia Helena do Nascimento.
Fotos feitas pelo grupo mostram que eles ficaram ao relento durante a madrugada, enquanto esperavam contato da empresa contratada.
“Ficamos abandonados, com roupa de banho molhada, enrolada numa toalha. Sem comida, sem água, sem nada. Eu nunca imaginei que ia para a praia querendo voltar para casa”, diz a dona de casa Luciana Camilo, que viajou com a filha Gabrieli, de 10 anos, para comemorar o aniversário dela.
O filho mais novo da professora Érica tem epilepsia. O menino de 11 anos dormiu em uma toalha molhada, enquanto ela e o marido ficaram tomando conta dele e do mais velho, em um posto de combustíveis no acesso à cidade.
A família e outras oito pessoas conseguiram deixar Guarujá após contratar uma van. “Acabamos gastando R$ 2,5 mil para passar um dia na praia”, afirma o operador de máquinas Wellington de Sena.
O restante dos turistas só deixou a cidade na tarde de segunda-feira, quando os veículos foram liberados.
Justificativa
Procurado nesta quinta-feira (26), o responsável pela Tafatur, Ronan Taffarel Ferreira da Cruz, disse que alugou os ônibus para outra pessoa, e que o terceirizado não pagou as licenças obrigatórias em Guarujá.
Cruz também disse que vai se reunir com os passageiros e tentar entrar em um acordo sobre os prejuízos que eles tiveram.
Ele negou que os ônibus tinham outras irregularidades, além da licença.