Um bebê de cinco meses de vida está internado na pediatria da Santa Casa de Araçatuba, em isolamento, com suspeita de difteria, por não ter tomado a vacina pentavalente, que está em falta na rede pública de saúde. O quadro clínico dele é estável.
Aos cinco meses, o bebê já deveria ter tomado duas doses da vacina, que deve ser aplicada aos dois, quatro e seis meses de idade. O reforço deve ser feito com um ano e três meses.
A vacina protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria Haemophilus influenza tipo B, responsável por infecções no nariz, meninge e garganta.
O pai da criança, João Paulo Santos Tersariol, que mora no Verde Parque, contou à reportagem do Regional Press que foi várias vezes à Unidade Básica de Saúde do Águas Claras, mas não havia doses disponíveis da vacina. “Cheguei a ligar na Secretaria de Saúde e me disseram que não tinha previsão de chegar a vacina nos postos”, relatou.
Em clínicas particulares, uma dose da vacina custa entre R$ 230,00 e R$ 280,00. Na última segunda-feira (4), o pai, que está desempregado, conseguiu arrumar o dinheiro para imunizar o filho, mas como o bebê estava com febre, não pôde tomar a vacina.
Na quarta-feira (6), como a febre persistia, os pais levaram o bebê ao pronto-socorro municipal, onde foram realizados exames de sangue e de urina, que apresentaram presença de bactérias. O paciente foi encaminhado à Santa Casa de Araçatuba, onde permanece internado.
Conforme o hospital, a equipe médica colheu material para investigação de difteria no Instituto Adolfo Lutz, por causa de alguns sintomas apresentados. O bebê tem febre alta, dor e dificuldade para respirar.
A DOENÇA
A difteria é uma doença infectocontagiosa que já estava erradicada no Brasil, no entanto, já há seis casos relatados no País este ano aguardando confirmação. Com o de Araçatuba, agora são sete.
A doença é transmitida pela bactéria Corynebacterium diphtheriae. A transmissão ocorre ao falar, tossir, espirrar ou por lesões na pele. A bactéria atinge as amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, outras partes do corpo, como pele e mucosas. A principal forma de prevenção é por meio da vacina pentavalente.
A presença de placas na cor branco-acinzentada nas amígdalas e partes próximas é o principal sintoma da doença. Em casos mais graves, pode aparecer inchaços no pescoço e gânglios linfáticos. Dentre os outros sintomas estão dor de garganta, dificuldade para respirar, palidez e mal-estar geral.
O período de incubação da difteria é, em geral, de um a seis dias. Já o de transmissibilidade, dura, em média, até duas semanas após o início dos sintomas.
VIGILÂNCIA
A Vigilância Epidemiológica do município informou que foi feita uma avaliação clínica no bebê e descartado o diagnóstico de difteria.
Com a suspeita do caso, o órgão entrou em contato com a UBS de referência para levantar a situação vacinal e verificar se há registro de vacina da criança. Também foi feito um levantamento das pessoas que tiveram contato com o bebê para verificar a situação vacinal e saber se alguém apresenta sintomas.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o município ainda tem doses disponíveis da vacina, pois recebeu a última remessa, com mil doses, na última segunda-feira (4). A orientação para os pais é que vacinem os seus bebês na UBS mais próxima.
VACINA
A vacina pentavalente está com os estoques irregulares em todo o País, porque os lotes adquiridos pelo Ministério da Saúde do laboratório indiano Biologicals E Limeted India foram reprovados pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
As vacinas que chegam ao Brasil são compradas por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Não há previsão de quando os estoques serão regularizados.
Em Araçatuba, a Secretaria de Estado da Saúde enviou 400 doses da vacina no mês de julho, outras 500 doses em outubro e 1.000 doses na última segunda-feira (4).