Mapear as áreas onde o tráfico de entorpecentes ocorre com a participação de crianças e adolescentes, buscar os motivos pelos quais esse tipo de crime costuma ser cometido em determinada área, identificar possíveis locais de aliciamento e desbaratar eventuais organizações criminosas em atuação são alguns dos principais objetivos do Projeto Palantír, desenvolvido de maneira experimental na Promotoria de Justiça de Barretos a partir de ferramentas disponibilizadas com o Office 365.
A esquematização das informações tem o potencial de subsidiar o poder público em geral (polícias, secretarias de Assistência Social, etc.) com dados relevantes que permitam uma atuação mais estratégica e eficaz.
O Projeto Palantír foi desenvolvido pelo oficial de Promotoria Cezar Augusto Vigo Pereira, que recorreu ao PowerBI para importar e cruzar informações obtidas com o registro de ocorrências em que crianças e adolescentes estão envolvidas com o tráfico de drogas.
O PowerBI, serviço do Office 365 disponível para todos os integrantes do MPSP, permite uma visão de dados de modo a propiciar a adoção de medidas específicas na busca por soluções.
É possível, por exemplo, dar um visual claro e atrativo às informações inseridas, assim como compartilhar os relatórios com os demais integrantes da instituição de maneira rápida e intuitiva. Interativos, os relatórios podem receber colaborações de outros usuários, o que facilita análises tanto globais quanto localizadas e embasa a construção de ações em esforços integrados.
De acordo com Pereira, a aplicação do Projeto Palantír em casos de tráfico de drogas envolvendo crianças e adolescentes decorreu do fato de a coleta de dados nestas situações ser mais facilitada, consequência da obrigatoriedade de apresentação do infrator ao Ministério Público.
Partindo deste ponto, o servidor criou um conjunto de dados no PowerBI de modo a importar as informações que eram adquiridas, criando relatórios que cruzam informações como composição familiar e situação escolar com dados do tráfico (local da infração e onde a droga foi adquirida, cor da embalagem, pessoa de quem comprou, etc.).
“O potencial do PowerBI para otimizar e maximizar o trabalho da instituição é imenso. Dados são hoje o ativo mais valioso do mundo, e a quantidade de informações que aportam diariamente nas Promotorias de Justiça é enorme. Temos uma verdadeira ‘mina de ouro’ em nossas mãos à espera de ser explorada.
O PowerBi tem a capacidade de proporcionar um meio institucional de analisar de forma mais estruturada e inteligente esse verdadeiro ‘big data’, possibilitando o cruzamento de dados e, em consequência, oferecendo informações relevantes que permitam ao Ministério Público atuar de maneira mais estratégica e menos reativa”, afirma Pereira.
Para o promotor de Justiça Renato Gonçalves Azevedo, o projeto idealizado pelo oficial de Promotoria com que trabalha é de vital importância para trazer ainda mais qualidade e efetividade ao serviço prestado à sociedade pelo MPSP.
“Com a ferramenta PowerBI é possível fazer uma análise dos dados colhidos a partir da atuação de promotores que lidam principalmente nas áreas criminal e na área da juventude em conflito com a lei”. Ainda segundo o membro do Ministério Público, a Promotoria de Justiça de Barretos, com o intuito de alimentar o banco de dados, tem dado especial atenção às oitivas informais de adolescentes apreendidos por tráfico de drogas, momento em que é feita a coleta do máximo de informações possível.
“A título de exemplo, estes dados podem ser utilizados pelo promotor com atribuição em infância cível, a fim de desenvolver projetos em bairros cujo índice de recrutamento de adolescentes para o tráfico é maior, visando à diminuição de novos e futuros recrutamentos. Isso sem falar na evidente utilidade que a ferramenta tem na atuação criminal, possibilitando o desenvolvimento de ações preventivas para inibir o comércio ilícito e garantindo a apreensão de maiores quantidades de entorpecentes e a prisão de traficantes de hierarquia maior”.
Azevedo destaca ainda a autonomia do PowerBI para o processamento dos dados e a visualização dos resultados de maneira didática, o que facilita a compreensão de recorte analisado. “A ferramenta cumpre o seu papel.
Evidentemente, é necessário ter muita cautela na análise dos dados, e isso requer experiência, conhecimento técnico, e ação coordenada. Para que o Projeto e a ferramenta atinjam vôos ainda maiores, é imprescindível a atuação integrada com outros órgãos, como as polícias Civil e Militar”, finaliza.
O PowerBI está disponível para ser utilizado por todos os membros e servidores do MPSP, podendo ser acessado por meio do portal do Office 365. A ferramenta será tema de um workshop que será realizado pelo Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC) para integrantes do Ministério Público na próxima sexta-feira (27/9), às 15 horas, com transmissão online.