Nem mesmo a umidade relativa do ar a 11% e o calor de 38 graus registrados nos últimos dias em Araçatuba foram suficientes para evitar que nove árvores plantadas em um canteiro na Avenida Brasília, próximo à rodoviária, fossem suprimidas na tarde desta quinta-feira (12). A erradicação das espécies, que tinham entre 15 e 20 anos, causou revolta e indignação a muitos moradores, que usaram as redes sociais para se manifestarem.
Além do calor e da baixa umidade, que poderiam ao menos adiar o corte das árvores, a ação causou ainda mais surpresa por ter sido realizada a poucos dias do Dia da Árvore, comemorado em 21 de setembro.
O corte das árvores foi autorizado e realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, que atendeu a um pedido da CPFL Paulista. O argumento é que as espécies foram plantadas em local inadequado, um canteiro com menos de um metro de largura e sob a rede de distribuição de energia elétrica e linhas de distribuição.
“O desenvolvimento da copa das espécies acarretou emaranhamento dos galhos nos fios, podendo ocasionar danos no sistema elétrico e às pessoas que ali circundam”, diz o documento da Secretaria de Meio Ambiente que autorizou a supressão.
SEM COMPENSAÇÃO
Ainda conforme a autorização, não haverá compensação (geralmente, quando uma árvore é suprimida, é necessário plantar outras espécies em área determinada pelo município), porque o local pertence à Prefeitura e o critério de supressão é de interesse público.
As árvores suprimidas são das espécies amendoim do campo, farinha seca e babosa branca (nativas), além de algodão da praia e Ficus (exóticas).
“Infelizmente, o meio ambiente paga pela ignorância de alguns que plantam espécies arbóreas de grande porte, que derrubam grandes galhos de toneladas naturalmente, em locais esdrúxulos da cidade, como esse canteiro de 20 cm de abertura, embaixo do conjunto de fiação da CPFL”, afirmou o assessor executivo da Secretaria, Lucas Protto. Segundo ele, árvores de espécies adequadas serão plantadas no local.
SEMANA DA ÁRVORE
Para o presidente do Clube da Árvore, Leonardo Potje, a supressão realmente era necessária por se tratar de uma espécie inapropriada para o local. No entanto, ele discorda da maneira como a erradicação foi feita.
“A erradicação não deveria ter sido feita de uma vez. Primeiro a gente planta uma árvore ao lado da que se quer erradicar, espera ela crescer e depois faz o corte da outra.
Ele também criticou o fato de a ação ter sido realizada a poucos dias da Semana da Árvore. “Este não era o momento apropriado”, avaliou, destacando que um dia antes se reuniu com representantes da Secretaria de Meio Ambiente para discutir o Plano Municipal de Educação Ambiental.
Sobre os pedidos da CPFL para o corte de árvores que prejudicam a fiação elétrica, ele afirmou: “Se por conta da fiação elétrica, houver corte de todas as árvores, vai ficar muito complicado”, destacou, frisando que o último levantamento a que teve acesso apontava um déficit de 22 mil árvores em Araçatuba, ainda na administração passada.
OPINIÃO
A publicitária Rose Dutra, 54, disse ter ficado muito chateada com o corte das árvores. “É muito triste você ver uma árvore cortada, o calor de Araçatuba está de matar e ainda fazem isso”, disse.
Outro que também não gostou de ver as árvores erradicadas foi o autônomo José Leite Brito, 49. “Precisamos plantar, não matar as árvores”, opinou.
Na internet, muita gente se manifestou também. É o caso do policial militar Jacques Pétia, que gravou um vídeo no local para mostrar sua indignação. “Isso é um desrespeito”, afirmou.