A desempregada Viviane Mendonça, que estava sendo alvo de processo por ameaça e injúria, movido pelo prefeito de Araçatuba Dilador Borges, fez um acordo no Ministério público para suspender o processo por injúria e terá de pagar duas cestas básicas a uma entidade assistencial. O processo em que o prefeito a acusa de ameaça já havia sido arquivado.
O motivo da ação foi um vídeo que Viviane postou no ano passado questionando o prefeito. Ela diz que estava indignada com o fato de diversos líderes de bairro terem pedido interdição de rua para realização de festas para crianças, e o pedido dela, para fazer uma festa no bairro Porto real, foi negado duas vezes.
Viviane é conhecida no bairro por realizar ações solidárias e tem muitos seguidores nas redes sociais, onde é conhecida por postar vídeos questionando a administração municipal e a cobrar promessas de campanha do prefeito.
Indignada em ter o pedido para interdição da rua para promover uma festa para as crianças do bairro, ela postou um vídeo, e reconhece que excedeu no vocabulário. Ela conta que após o vídeo, a chamaram na prefeitura e acabaram liberando a rua, e parte das declarações que havia feito estava rasurada. Posteriormente foi surpreendida com a intimação judicial.
Viviane diz que agradece ao judiciário, que não reconheceu nenhum tipo de ameaça no vídeo, e acabou propondo um acordo para que o processo fosse suspenso. “Eu agradeço a Justiça”, disse a ré, lembrando que ainda há um outro processo, por difamação, em andamento. Ela diz que apenas questiona Dilador na figura de prefeito em seus vídeos, e não tem o intuito de ofender a pessoa de Dilador Borges.
Nas redes sociais Viviane fez um desabafo: “Talvez o meu erro seja pensar que posso mudar o mundo, brigar por todos e acabar com a desigualdade social. Não sou perfeita e nem quero ser. Sou falha, pecadora e cheia de defeitos. Não quero status nem fama. Quero apenas um mundo justo e melhor, mas para isso vejo que terei que pagar um preço meio alto, então que Deus segure minhas mãos e me ajude nessa batalha”.
DIFICULDADE
Viviane contou ao Regional Press que tem quatro filhos com idades de 3, 5, 10 e 15 anos, e os dois filhos do meio são autistas. Ela vive com o benefício de um dos filhos, que é um salário mínimo. “Por mês, pagando as despesas, me sobra R$ 350 para fazer as compras de mercado, e eu tenho que me virar com isso. As vezes recorro ao CRAS”, contou. Viviane disse que iria ter que tirar da boca dos filhos para honrar o acordo que fez na Justiça para poder suspender a ação impetrada por Dilador.
DOAÇÃO
Uma amiga de Viviane, ao saber do acordo e conhecendo suas dificuldades, foi ao mercado e comprou as duas cestas que ela vai ter que entregar a uma entidade assistencial. “Graças a Deus as pessoas são solidárias. Muita gente me ligou oferecendo as cestas e não vou mais precisar tirar o dinheiro do pouco que me sobra no mês”, finalizou.
Como foi uma ação da pessoa física Dilador Borges, a assessoria de imprensa da prefeitura já havia anunciado que não iria emitir nota a respeito do assunto, e que o próprio prefeito iria usar as redes sociais para se manifestar.