Chegando a época de Natal muitas pessoas acabam tendo um espírito solidário e as doações ajudam o Natal de muitas famílias e crianças carentes. Por outro lado, algumas pessoas acabam se aproveitando desta situação e utilizam o argumento natalino para transformar as doações em negócios, e o fato vem se repetindo há alguns anos, como apurou a reportagem do Regional Press, que publica esta matéria não para desestimular as doações, mas sim para as pessoas ficarem atentas e checarem bem as informações na hora em que for fazer a doação.
A reportagem constatou um caso, mas não vai citar os dados até porque não existe denúncia de crime até o momento, e sim uma forma de se aproveitar das pessoas que se sensibilizam e acabam fazendo doações, sendo que poderiam doar para quem realmente precisa.
No caso apurado pela reportagem do Regional Press, a família existe, é composto por marido, mulher e um casal de filhos. Se a necessidade é tamanha como diz a cartinha, onde eles arrumam dinheiro para fazer centenas de cartinhas espalhadas por pontos de grande concentração de veículos em Araçatuba, e até mesmo em Birigui. As cartas tem conteúdo variado, algumas são originais e a maioria são xerox. Todas são deixadas nos parabrisas dos veículos estacionados em via pública.
Uma mulher foi vista parando em uma moto Titan, nova, e após estacionar, sai deixando as cartinhas nos veículos. O conteúdo é semelhante, pedem inicialmente presentes caros, como bicicleta, e finalizam dizendo que se contentam com qualquer coisa, até mesmo um par de chinelos. O conteúdo é comovente e dificilmente o texto seria idealizado por crianças conforme constam as idades nas cartas.
No dia em que a reportagem seguiu a pessoa, foram entregues cartinhas na região da Santa Casa. O mesmo foi feito ao longo da rua Bandeirantes. No entanto, as mesmas cartinhas foram encontradas por proprietários de veículos em diversas ruas comerciais de Araçatuba. No ano passado a entrega também aconteceu em Birigui, pela mesma pessoa.
ENDEREÇO
Na cartinha consta ainda um número de telefone celular e um endereço, que não condiz com o real endereço dos protagonistas. Eles residem em uma casa, em uma região de residências e famílias humildes, mas o imóvel da família é o melhor da localidade.
No ano passado, eles informavam na cartinha o endereço de casal que mora na mesma via, na casa mais humilde da região. E as crianças e moradores já eram orientados, que quando chegassem alguém perguntando pelas crianças, que indicassem a casa mais humilde do bairro. As crianças também eram orientadas a indicar este imóvel, cujo proprietário acabava ficando com uma pequena parte das doações.
No ano passado, por exemplo, eles ganharam mais de 10 bicicletas, várias cestas básicas, calçados e roupas. A reportagem apurou que as cestas eram desfeitas e os itens eram colocados à venda em uma mercearia do bairro. O mesmo foi feito com as bicicletas.
Este ano a mesma família colocou um outro endereço, muito próximo de onde moram, e que conforme a reportagem apurou, é um imóvel muito mais simples do que o local onde residem. Segundo informações de moradores do bairro, a família teria comprado o imóvel recentemente para colocá-lo para aluguel, e por ser muito simples, utilizaram como sendo a moradia da família. No entanto, vale lembrar que essa compra não foi confirmado pela reportagem.
DOAÇÕES
A reportagem decidiu levar o caso à tona não para desestimular as doações, mas, pelo contrário, fazer com que as pessoas verifiquem e conversem com as pessoas quando for fazer as doações. Em caso de constatação, procurar uma família carente por conta própria para fazer a doação.