Autoridades começaram a avaliar os danos dos incêndios na Grécia que devastaram grandes áreas de floresta e forçaram milhares de pessoas a deixar suas casa ao longo da última semana. Outros incêndios se espalhavam sem contenção em muitas partes do país nesta segunda-feira (9), em meio a pior onda de calor.
A maior frente estava na ilha de Evia, ao leste da capital, que já obrigou a retirada de moradores de dezenas de vilarejos e milhares de pessoas, e chamas destruíram florestas e lares no norte da ilha.
O primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis deve realizar uma reunião ministerial ainda hoje para decidir medidas de alívio para aqueles que perderam propriedades para o fogo.
“Nossa meta é completar o inventário o mais rápido possível, para iniciar imediatamente o processo de compensar nossos cidadãos afetados”, informou o Ministério da Infraestrutura e dos Transportes em comunicado.
Em Evia, que é a segunda maior ilha grega e fica próxima do continente, aeronaves que derramam água encontravam dificuldade para operar por causa das colunas grandes de fumaça que cobriam a área, disseram autoridades.
Incêndios na Grécia
Os incêndios na Grécia começaram durante a pior onda de calor no país em três décadas na semana passada, causando temperaturas escaldantes e calor seco. As temperaturas chegaram a baixar um pouco, mas a previsão é de que voltem a subir durante a semana, o que significa que o risco continua alto.
Em Atenas, as autoridades começaram a avaliar os danos de um incêndio que varreu vários subúrbios do norte da cidade, na semana passada, e começou a recuar no sábado.
Mais de mil estão desaparecidos após inundações na Europa Ocidental
Relatório da ONU
O relatório sobre o clima, publicado hoje (9) pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), é um “alerta vermelho” que deve fazer soar os alarmes sobre as energias fósseis que “destroem o planeta”. A afirmação foi feita pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
O relatório mostra uma avaliação científica dos últimos sete anos e “deve significar o fim do uso do carvão e dos combustíveis fósseis, antes que destruam o planeta”, segundo avaliação de Guterres, em comunicado.
O secretário pede que nenhuma central de carvão seja construída depois de 2021. “Os países também devem acabar com novas explorações e produção de combustíveis fósseis, transferindo os recursos desses combustíveis para a energia renovável”, acrescentou Guterres.
No mesmo documento, ele pede igualmente aos dirigentes mundiais, que se vão reunir na Conferência do Clima (COP26) em Glasgow, na Escócia, no próximo mês de novembro, que alcancem “sucessos” na redução das emissões de gases de efeito estufa.
Aquecimento Global
O relatório estima que o limiar do aquecimento global (de + 1,5° centígrado), em comparação com o da era pré-industrial, vai ser atingido em 2030, dez anos antes do que tinha sido projetado anteriormente, “ameaçando a humanidade com novos desastres sem precedentes”.
De acordo com o documento do IPCC, a temperatura global subirá 2,7 graus em 2100, se se mantiver o atual ritmo de emissões de gases de efeito estufa, causando onda de calor no planeta. No novo relatório, que saiu com atraso de meses devido à pandemia de covid-19, o painel considera vários cenários, dependendo do nível de emissões que se alcance.
Manter a atual situação, em que a temperatura global é, em média, 1,1 grau mais alta que no período pré-industrial (1850-1900), não seria suficiente: os cientistas preveem que, dessa forma, se alcançaria um aumento de 1,5 grau em 2040, de 2 graus em 2060 e de 2,7 em 2100.
Esse aumento, que acarretaria mais acontecimentos climáticos extremos, como secas, inundações e onda de calor, está longe do objetivo de reduzir para menos de 2 graus, fixado no Acordo de Paris, tratado no âmbito das nações, que fixa a redução de emissão de gases de efeito estufa a partir de 2020, impondo como limite de subida 1,5 grau centígrado.