A massagista Kellen da Silva Rocha foi surpreendida ao encontrar um lobo-guará no quintal de sua casa, na rua Luiz Peron, no Jardim Aeroporto, em Guararapes. O caso aconteceu neste sábado e mobilizou uma equipe do Corpo de Bombeiros. O animal fugiu e foi espantado para a zona rural.
Kellen explicou que no terreno há uma casa na frente, que estava fechada e havia sido alugada. No fundo há um outro imóvel onde funciona seu salão de estética. Ela está morando em Birigui e quando faz atendimento em Guararapes dorme no salão.
Na madrugada de sexta-para sábado disse que por volta das 2h30 da madrugada ouviu barulho no telhado e vários cães da vizinhança estavam latindo. Ela até saiu para ver se havia alguém no telhado mas não viu nada.
Já no sábado, quando o novo inquilino chegou para lavar o imóvel da frente, encontrou o lobo no quintal. “Ele veio me falar que tinha um lobo e eu achei que era brincadeira, até perguntei o que ele tinha bebido. Mas era verdade, esse inquilino trabalha em usina e conhece, e era realmente um lobo”, contou.
Ela acionou o Corpo de Bombeiros informando que havia um lobo, e até a equipe chegou imaginando que fosse uma raposinha. A gaiola levada pela equipe era pequena para o tamanho do animal. “Começou a juntar muita gente e o lobo começou a ficar inquieto e agitado, e espumar pela boca. Ele tentou pular o muro mas não tinha espaço”, lembrou a massagista. Os bombeiros soltaram o animal e foram atrás, espantando-o em direção ao bairro Francisco Antoniole e depois para a zona rural, onde entrou em uma mata e desapareceu.
O lobo-guará
Parente dos lobos selvagens e dos cachorros domésticos, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é um animal típico do Cerrado e maior canídeo da América do Sul, podendo atingir até um metro de altura e pesar 30 quilos. Além do Brasil, pode ser encontrado em regiões da Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai.
Altivo, esguio e elegante, também é conhecido como lobo-de-crina, lobo-vermelho, aguará, aguaraçu e jaguaperi, todos nomes atrelados a sua bela pelagem laranja-avermelhada, que o torna um dos mais belos animais brasileiros. Na natureza, vive cerca de 15 anos. A cada gestação, que dura pouco mais de dois meses, nascem em média dois filhotes.
Apesar do porte imponente e da alcunha de “lobo”, é tímido, solitário e praticamente inofensivo, preferindo manter distância de populações humanas. Usa suas presas para se alimentar de pequenos animais, como roedores, tatus e perdizes, além de frutos variados do Cerrado, como o araticum e a lobeira (Solanum lycocarpum), alimento muito consumido pelo guará.
É avistado normalmente circulando por grandes campos nos fins de tardes e durante as noites. Nessa rotina, costuma cruzar estradas onde muitas vezes é atropelado. A ampla fragmentação dos remanescentes de Cerrado faz com que animais tenham que deixar refúgios de matas para se alimentar e reproduzir, tornando-se vítimas de automóveis e caçadores, por exemplo.