O araçatubense Renato Janine Ribeiro, 71 anos, professor titular da cadeira de Ética e Filosofia política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Educação, foi eleito presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), para o biênio 2021-2023. Ribeiro venceu a disputa com o neurocientista Carlos Alexandre Netto e irá substituir o físico Ildeu de Castro Moreira.
Ribeiro obteve 1.205 dos 1.914 votos contra 617 de Netto. Foram eleitos para os cargos de vice-presidentes a socióloga Fernanda Sobral (atual vice de Moreira) e o físico Paulo Artaxo. Sobral teve 1.116 votos e Artaxo 683. A eleição contou com 60% de participação dos sócios – o maior índice dos últimos dez anos. Outro marco inédito na história de 73 anos da SBPC é que sete mulheres vão compor a diretoria.
Dentre os projetos do araçatubense para a entidade está a luta por verbas para a pesquisa e para a educação, para que o governo recomponha o orçamento federal dedicado à ciência e tecnologia, após os cortes. A SBPC é uma entidade civil sem fins lucrativos voltada para a defesa do avanço científico e tecnológico, além do desenvolvimento educacional e cultural do Brasil.
Ribeiro também pretende mobilizar o órgão em defesa das liberdades democráticas ameaçadas pelo bolsonarismo. “Temos que mobilizar a opinião pública em defesa da ciência e da educação para salvar não só o que o Brasil construiu com muito custo, mas para dar base para um desenvolvimeto econômico sustentável pós-pandemia”, afirmou.
Outro de seu projeto inclui o que ele chama de luta de futuro, que envolve a forma como a ciência vai ajudar tanto na retomada econômica quanto na construção de uma sociedade mais justa. “Temos de colocar a inteligência na economia e no social. Quando a gente superar a pandemia, o principal fator para recuperar a economia é a ciência. Não adianta baixar juros, tem que colocar a ciência na produção, o que permitirá reduzir desperdícios e trazer mudança de hábitos”, defendeu.
Janine, que também é palestrante e escritor – somente no ano passado concluiu cinco livros, pretende levar sua experiência como diretor de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), onde dirigiu todos os doutorados e mestrados no Brasil, e como ministro da Educação, em 2015, quando teve uma visão mais ampla do sistema educacional brasileiro, desde a creche até o doutorado e pós-doutorado, para a condução da SBPC.
Para ele, apesar de o País está chegando ao fundo do poço devido ao desastre sanitário, político e ambiental, a sociedade tem a maior oportunidade que já houve na história do mundo de a ciência e a cultura melhorarem a vida das pessoas.