Doze pacientes estão à espera de leitos na Santa Casa de Araçatuba. Eles estão no pronto-socorro municipal e precisam ser transferidos para um leito clínico, de enfermaria, mas o hospital não tem condições de receber novos doentes, pois já está operando acima de sua capacidade.
A informação é da diretora do hospital, Maria Ionice Zucon, em entrevista ao programa Fala Tudo, da Band FM Araçatuba 96,9, no início da noite desta quinta-feira (11).
Em live transmitida nesta tarde, a secretária municipal de Saúde, Carmem Guariente, disse que o pronto-socorro tem condições de ficar com paciente por mais tempo aguardando a transferência para a Santa Casa.
A unidade de urgência emergência do município aumentou a sua capacidade de acomodar os pacientes em 13 leitos e em 13 poltronas, além de possuir materiais, equipamentos e insumos para garantir o atendimento neste período de agravamento da pandemia.
Além disso, a quantidade de pessoal no pronto-socorro municipal foi ampliada desde o início da pandemia e tem o quadro sendo novamente reforçado.
Na enfermaria da Santa Casa, estão internados 64 pacientes, com 62 leitos. Na UTI, são 27 pacientes hospitalizados, 23 com diagnóstico de Covid e quatro com suspeita da doença. Para atender os doentes na UTI, que tem 25 leitos, o hospital precisou utilizar os dois de seus 13 leitos de suporte respiratório.
Sem espaço
A Santa Casa, Prefeitura e Departamento Regional de Saúde (DRS II) possuem um plano de contingência para utilizar os leitos do Hospital da Mulher como enfermaria que seria gerida pela própria Santa Casa, que não tem mais espaço dentro de suas instalações, pois está com seus 345 leitos clínicos ocupados por doentes com outras patologias.
A Santa Casa é referência em alta e média complexidade para várias especialidades e atende pacientes dos 40 municípios da região.
“Estamos aguardando respostas da Santa Casa e DRS (Departamento Regional de Saúde) para nos organizarmos. As equipes são de qualidade e estamos buscando as possibilidades, mas não adianta só abrir hospital, pois temos que ter garantia de onde colocar os pacientes que entram, materiais, insumos etc”, disse a secretária municipal de Saúde.
Conforme ela, o Hospital Municipal da Mulher havia sido preparado para ser de retaguarda para pacientes que saem de alta e precisam ficar estabilizados, para não ocuparem leitos na Santa Casa.
“Porém, agora os pacientes estão muito graves e precisam ficar no hospital que tem mais recursos. Buscamos recursos com o DRS para condições de melhor tratamento”, explicou a secretária municipal.
UTI
Em relação aos leitos de UTI, o Estado anunciou dez novos leitos que deverão funcionar na própria Santa Casa. Conforme Guariente, o hospital está levantando os custos de locação de equipamentos e documentação para financiamento dos leitos.
“Quem custeia esses recursos é o Ministério da Saúde, mas não tem custeado, e enquanto isso o Estado tem assumido o custeio, possibilitando a locação para os leitos funcionarem”, detalha.
Oxigênio e sedativos
Conforme a diretora da Santa Casa, Maria Ionice Zucon, o hospital enfrenta dificuldades na aquisição de oxigênio e sedativos. A usina que fornece oxigênio está produzindo 60% a mais do que o normal e a Santa Casa precisou localizar mais três fornecedores. Por causa da Covid, o consumo de oxigênio aumentou 80% no hospital. Todos os pacientes da enfermaria fazem uso de oxigênio, assim como pacientes de outras patologistas que lá estão internados.
Sobre os anestésicos, o hospital informou que ainda não houve falta porque comprou antecipado, mas já sente dificuldade em adquirir o produto.
De acordo com a Direção Técnica da Santa Casa de Araçatuba,por dificuldade de atender à demanda nacional, a indústria farmacêutica está entregando apenas parte dos pedidos encaminhados semanalmente.
“Não está faltando sedativos na Santa Casa, porém a utilização do medicamento está sendo utilizado exclusivamente para: cirurgias e urgência e emergência, pacientes da UTI Respiratória (covid) e cirurgias de pacientes oncológicos”, informou o hospital.
Sem profissionais
Outro problema enfrentado pelo hospital é a falta de profissionais para atuarem na linha de frente. “Não tem profissional e quando tem, os selecionados se negam a trabalhar na ala Covid”, afirma a diretora Maria Ionice Zucon. Segundo ela, faltam enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos e auxiliares de enfermagem.
Além destes, também faltam médicos. Os que estão atuando na linha de frente trabalham diuturnamente para atender os doentes.