O patrimônio cultural material e imaterial de Araçatuba será catalogado e disponibilizado gratuitamente na internet, por meio de um Inventário Participativo de Bens Culturais (IBPC). O projeto, idealizado pelo produtor cultural e diretor da Aruê! Arte Cultura e Holismo, Rafael Batista, vai ouvir a sociedade civil e população para identificar o que precisa ser preservado às gerações futuras.
Um exemplo de patrimônio imaterial é a expressâo: “Vôti, é você mesmo, Rafael?”. Vôti é uma interjeição usada pelos araçatubenses e é considerada uma expressão tipicamente da cidade.
O grande diferencial do projeto é a participação da sociedade para catalogar o patrimônio. Ela será convidada, oficialmente, por meio de carta convite a ser encaminhada para associações, entidades, universidades, imprensa e outros órgãos e também será realizada uma pesquisa junto à população por meio de formulários digitais.
“Araçatuba não dispõe, até o momento, de um inventário participativo de bens culturais, ou seja, um produto formado pelos bens materiais e imateriais indicados pela população e que, em sendo assim, vai acabar por desbravar e despontar a sua própria história. Foi partindo deste princípio que nasceu o Inventário Participativo de Bens Culturais (IPBC)”, explica o idealizador do projeto, o produtor cultural e diretor da Aruê! Arte, Cultura e Holismo, Rafael Batista.
O projeto tem curadoria do historiador e mestre em educação Daniel Lima, consultoria para a catalogação de material de interesse histórico-cultural pelo também professor e historiador Renan Farjado, e é realizado em a parceria com a 1º de Janeiro – Comunicação Cultural, Estúdio Criativo Alices Contra. É apoiado com recursos da Lei Emergencial Aldir Blanc nº 14.017, de 29/06/2020, que foi sancionada pelo Governo Federal, e gerido pela Prefeitura Municipal de Araçatuba através da Secretaria Municipal da Cultura.
“O IPBC – Inventário Participativo – surge do princípio da valorização e reconhecimento da cultura araçatubense e dos bens nela envolvidos. Bens estes que vão desde patrimônios naturais, como é o caso do rio Tietê e do ribeirão Baguaçu, monumentos arquitetônicos, como os templos budistas no centro da cidade, esculturas públicas, como a Vitória de Samotrácia localizada na Biblioteca Municipal Rubens do Amaral, guardiões de saberes tradicionais, como vaqueiros, parteiras, benzedeiras, entre outros itens que poderão ser indicados pela população”, diz Rafael Batista.
Serão utilizados três materiais de referência, sendo eles: o INRC – Inventário Nacional de Referências Culturais (2000); o Manual de Aplicação de Educação Patrimonial do Programa Mais Educação (2013); e, principalmente, o Manual de Aplicação de Educação Patrimonial: inventários participativos (2016).
“Este último servirá de principal inspiração para o processo de coleta de dados tendo em vista que, além de ser mais atualizado sobre as questões de patrimônio, consegue unir a prática da coleta de dados com a educação sobre patrimônios ao passo que coloca o orador, cidadão participante, como protagonista no que tange a elencar os bens culturais do município de modo a exercer sua cidadania e participação social”, destaca o historiador Renan Fajardo.
No Brasil, as formas de proteção dos bens de cultura material são o tombamento, o registro e os inventários. “O fato de o araçatubense indicar os itens a serem inclusos no inventário, o coloca como protagonista daquilo que é relevante em sua própria história”, observa o idealizador.
Como será desenvolvido
Não é lenda, sabe-se que uma noiva de Araçatuba, logo após sua festa de casamento, preferiu que a cereja do bolo fosse um pastel da feira de em um despertar de domingo, na cidade, com direito a véu e grinalda. O pastel da feira de Araçatuba seria um bem cultural imaterial do município? A resposta está na comunidade, no que é o “bem” para a população.
A partir da elaboração e veiculação de uma aula e um vídeo contextualizando o tema da Educação Patrimonial, a sociedade civil, faculdades, entidades, serão consultadas para indicação de bens culturais que devem constar no IPBC. “Queremos consultar desde a Academia de Letras, a OAB até o MST. Todos que fazem parte de nossa comunidade”, diz Rafael Batista.
Pode jogar no google: “Vôti” aparece como uma interjeição usada pelos habitantes de Araçatuba. Sim, é uma expressão tipicamente araçatubense, faz parte dos nossos bens imateriais. E você, o que tem aqui e que quer compartilhar no inventário para que possa ser preservado para as futuras gerações?
Referências culturais
O historiador e curador do IPBC Daniel Lima explica que a Educação Patrimonial tem como um dos principais objetivos estimular a comunidade para que busque identificar e valorizar suas referências culturais. “A comunidade é quem vai inventariar, descrever, classificar, definir o que lhe discerne e lhe afeta como patrimônio cultural. Assim, ela vai associar valores como cidadania, participação cultural, social, arte, cultura, turismo e melhoria da qualidade de vida”, diz.
Com os bens sugeridos, será realizada uma curadoria e todo o material será disponibilizado digitalmente através de um portal on-line, contendo uma imagem e um descritivo breve do bem cultural ali envolvido.
“Neste momento e para este projeto será uma catalogação simples, para podermos, assim, sermos o mais abrangente possível. Neste passo, almejamos que futuramente possam ser realizados mais e novos projetos envolvendo o tema da valorização e reconhecimento dos Bens Culturais no município de Araçatuba a partir da produção deste inventário”, destaca Rafael Batista.
Para participar
A população vai participar indicando os Bens Culturais de relevância para o município a partir da aula/vídeo sobre Educação Patrimonial, as indicações serão realizadas por meio de formulário on-line que será disponibilizado com o apoio da imprensa, em portais e redes sociais e será divulgado em breve.
A aula on-line e o portal com o acervo do IPBC serão disponibilizados gratuitamente para interessados mundo afora.
“Educadores e instituições de ensino poderão utilizar o material como recurso de apoio pedagógico em sala de aula e mesmo através de visitas a campo. Já pensou que bacana um tour pelos Bens Culturais da cidade?”, finaliza Rafael Batista.
Para saber mais informações acesse nossas redes sociais através da página da Aruê! Arte, Cultura e Holismo no YouTube e Facebook, e no Instagram @arue.bensculturais.
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