Diante da enxurrada diária e constante de informações relativas à Covid-19, a realização em larga escala de exames para o diagnóstico da doença, combinada com o isolamento social, é o caminho ideal para proteger a população. Testar maciçamente a população é a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para enfrentar a disseminação do Sars-CoV-2, o novo coronavírus.
Porém, como atualmente existe no mercado uma série de testes disponíveis, fica a dúvida sobre qual o mais adequado, quando realizar cada um, qual a precisão deles e quais os significados dos termos técnicos utilizados. Para explicar as diferenças entre os principais exames, o bioquímico Marcos Roberto Ferrari Machado, diretor do laboratório Triatox, de Araçatuba (SP), o primeiro do Noroeste Paulista credenciado para a realização do RT-PCR.
Quantos tipos de exames existem para o diagnóstico da Covid-19? E quais deles estão disponíveis no Noroeste Paulista?
Marcos Machado – No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou até o momento 134 registros de testes. De forma geral, podemos dividi-los em dois grandes grupos, os testes moleculares e os testes de anticorpos, sendo que uns usam sangue, soro ou plasma e os outros, amostras de secreções coletadas das vias respiratórias, como nasofaringe (nariz) e orofaringe (garganta). Basicamente, é possível encontrar três tipos de exames na região de Araçatuba: o RT-PCR, o de sorologia e o teste rápido.
O que é o RT-PCR?
Marcos Machado – A sigla é uma abreviação de Reverse Transcription – Polymerase Chain Reaction, que em português significa Reação em Cadeia da Polimerase com Transcrição Reversa. Trata-se de um teste feito com o material coletado do nariz e da garganta do paciente, no qual se verifica a presença de material genético do vírus, confirmando que a pessoa está com a Covid-19. A coleta deve ser feita a partir do 3º dia após o início dos sintomas e até o 10º dia, pois ao final desse período, a quantidade de material genético tende a diminuir. Ou seja, o teste RT-PCR identifica o vírus no período em que está ativo no organismo, tornando possível aplicar a conduta médica apropriada: internação, isolamento social ou outro procedimento pertinente para o caso em questão.
O que é o exame de Sorologia?
Marcos Machado – A diferentemente do RT-PCR, a sorologia, verifica a resposta imunológica do corpo em relação ao vírus. Isso é feito a partir da detecção de alguns anticorpos em amostras de sangue do paciente que foi exposto ao SARS-CoV-2. A recomendação é que ele seja realizado 10 dias após o início dos sintomas. Se for feito fora desse período pode resultar num resultado falso negativo. Nesse caso, uma nova coleta pode ser necessária, a critério médico. Também podem haver resultados negativos na sorologia mesmo em pessoas que tiveram Covid-19 confirmada por PCR.
O que são os testes rápidos?
Marcos Machado – São feitos com amostra de sangue e são similares aos testes de farmácia para gravidez, detectando anticorpos totais, mas não diferenciam se está em fase aguda da doença ou se já está em fase de cura. A janela para testagem costuma ser entre o 7º e o 10º dia de sintomas. Outra informação importante: os seus resultados devem ser interpretados por um profissional de saúde legalmente habilitado e devidamente capacitado. Ou seja, esses testes não devem ser feitos por leigos. A vantagem desses testes são os resultados rápidos – cerca de 40 minutos – para a decisão da conduta. No entanto, a maioria possui sensibilidade e especificidade muito reduzida em comparação as outras metodologias. O Ministério da Saúde aponta que os testes rápidos apresentam taxa de erro de 75% para resultados negativos, o que gera insegurança e incerteza para interpretar um resultado negativo e determinar se o paciente em questão precisa ou não manter o isolamento social.
Todo laboratório está habilitado a fazer esses exames?
Marcos Machado – Não. Para a realização do PCR e da sorologia para o diagnóstico da Covid-19 o laboratório deve ser obrigatoriamente credenciado junto ao Instituto Adolfo Lutz. Mas existem laboratórios que apenas fazem a coleta de material dos pacientes e o encaminham a laboratórios credenciados. Nesses casos, existe risco de o material coletado ser maculado, além de o tempo de retorno ser maior do que aquele feito em um laboratório local devidamente credenciado e que realiza todo o exame aqui mesmo.
Como decidir qual exame fazer?
Marcos Machado – A orientação básica é que a pessoa busque orientação médica e laboratórios qualificados para um diagnóstico seguro. Quando apresentar sintomas oi tiver contato direto com pessoas que testaram positivo deve fazer o exame de RT-PCR entre o terceiro e décimo dia de sintomas. Se quiser saber se já foi contaminado pelo vírus e adquiriu anticorpos fazer o teste sorológico após 10 dias de sintomas ou contato direto com pessoas que testaram positivo.
Fato é que a testagem é uma importante ferramenta tanto para o monitoramento da doença na comunidade quanto para o auxílio do tratamento do paciente infectado.