Por todo o mundo, as restrições e os obstáculos impostos pela pandemia da Covid-19 fizeram aflorar e intensificaram a solidariedade. Os atos de bondade e de compreensão com o próximo, a interpedendência de sentimentos, tornaram-se uma das principais armas contra a pandemia. Organizações de todos os setores produtivos e portes, entidades e cidadãos têm se mobilizado voluntariamente para ajudar pessoas em estado de vulnerabilidade social.
Em Araçatuba (SP), movimentos empresariais e também populares capitaneados por lideranças têm fomentado iniciativas de auxílio aos moradores das áreas mais carentes do município. Uma dessas líderes é empresária, educadora e integrante de movimentos religiosos Liamar Gazolla.
Dona de um mercado no bairro Umuarama, professora do ensino fundamental e médio, e participante do Movimento de Cursilhos de Cristandade, assim como de missões evangelizadoras da paróquia Bom Jesus da Lapa, ela intensificou as ações solidárias que já realizada antes da quarentena.
“Herdei essa característica do meu pai, que era uma pessoa muito religiosa e solidária. Portanto, desde pequena atuo como voluntária em causas sociais. Agora, na pandemia me senti na obrigação de fazer ainda mais, pois entendo que somente com a união poderemos enfrentar e superar esta que é uma das maiores crises de saúde pública do mundo”, comenta Liamar.
Bairros
Desde março, foram diversas as ações das quais Liamar participou em favor dos menos favorecidos. Por conta própria, ela confeccionou e distribuiu até o momento mais de 1.500 máscaras, sendo 750 no bairro Umuarama e a outra metade, em Engenheiro Taveira.
Entre abril e junho, ajudou a organizar campanhas de arrecadação de alimentos e de entrega de cestas básicas, assim como de distribuição de marmitas. As ações ocorreram graças a parcerias entre entidades (a campanha das marmitas foi chamada de Juntos por Araçatuba), e em todas Liamar esteve na linha de frente. No domingo de Páscoa, levou bolo, refrigerante, chocolate e cachorro quente a crianças do bairro Água Branca.
“Me sinto bem mantendo esse contato com as pessoas. Pra mim, mesmo que hoje a gente precise manter distanciamento, colocar máscara e usar álcool em gel o tempo todo, o simples fato de estar perto, de ouvir, conversar, oferecer um pouco de conforto e levar esperança, me deixa muito feliz. É o mínimo que posso fazer. E, enquanto eu puder, sempre estarei à disposição”, diz Liamar.
Em junho, ela esteve presente na distribuição de agasalhos e cobertores realizada pela Pastoral da Caridade, em Taveira. A ligação da empresária com o bairro rural é antiga e muito forte, pois, quando pequena ela frequentava a capela do local juntamente com o pai. Outro bairro pelo qual Liamar tem apreço é o Umuarama, onde fica o seu estabelecimento comercial.
“É normal que a gente atue mais nas comunidades com as quais temos relações e afinidade. Porém, onde houver carência e os meus grupos puderem contribuir de alguma forma, nós iremos”.
Auxílio efetivo
Ao refletir sobre sua atuação voluntária, Liamar afirma que não se trata de ocupar o lugar do Estado, mas de suprir necessidades imediatas por meio de um auxílio efetivo. “As pessoas mais carentes, sem sombra de dúvidas, foram as mais atingidas tanto na saúde, quanto na economia. E neste momento complicado que todo o mundo está passando, então são eles que mais precisam de ajuda”, ressalta.
Sensível ao sofrimento alheio, a empresária destaca que diante dos efeitos do coronavírus e do confinamento, muitas pessoas acabam ficando angustiadas e ansiosas, necessitando mais de ajuda psicológica do que material.
“Muitas vezes, eu fui à casa de famílias que precisavam apenas de alguém que mostrasse interesse pela situação delas, para ouvir e conversar. Trata-se de um mecanismo que minimiza danos diante da fragilidade humana”, afirma. Esse foi o caso de uma família do bairro Alvorada, que teve a casa incendiada, e Liamar esteve no local levando uma palavra de fé.
Liamar garante acreditar que a solidariedade é uma das formas mais sinceras de amor. “O fato é que juntos somos mais fortes. Se cada um cada fizer a sua parte, nem que seja um pouquinho, conseguimos amenizar as dores trazidas pela pandemia”, finaliza Liamar.