Pelo menos dois outdoors com a imagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), instalados em Araçatuba, foram vandalizados nos últimos dias. As placas de publicidade vítimas da depredação foram fixadas com patrocínio de simpatizantes do presidente.
Na avenida Brasília, um dos anúncio foi manchado com tinta. Na avenida José Ferreira Batista, a foto do presidente recebeu chifres e um bigode no estilo no ditador Adolf Hitler. Ao lado foi escrita a frase: “Fora genocida de tapados”.
Um dos responsáveis pela contratação dos espaços, o pecuarista Eduardo Ferreira, o Dudu, lamentou os agressão e disse que estes atos ferem a democracia. Ele destacou que o próprio outdoor já tem a resposta aos responsáveis pelos ataques. Na placa lê-se: “Democracia começa respeitando o resultado das urnas”.
“É lamentável que isso tenha acontecido. A democracia tem como pilar a liberdade de expressar o pensamento. Estamos, como apoiadores do presidente, demonstrando nosso lado e gostaríamos de ser respeitado”, afirmou Dudu, que anunciou que o grupo já articula para a instalação de outros oito pontos de anúncio nos próximos dias.
POSIÇÃO
Conhecido como Bolsonaro Capira, o prefeito de Mirandópolis, Everton Sodario, também lamentou o ataques. De acordo com ele, a esquerda e a direita têm o direito de se manifestarem, respeitando os espaços.
“Se ao invés de eles atacarem (o autodoor), por que a esquerda não faz o seu cartaz contra o presidente? O que falta à esquerda é aprender a respeitar a democracia”, disse ele, que classificou os autores do ataque como esquerdistas que estão desesperados porque “não estão mais gritando sozinhos”.
“Por muito tempo a esquerda tinha voz, sozinha. E agora a direita também está gritando, marcando e ganhando posição. E eles (a esquerda) não estão sabendo lidar com isso”, afirmou Sodario.
NAS URNAS
Coincidentemente ao ataque, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro também havia se manifestado sobre a importância de se respeitar a decisão das urnas. Durante os atos realizados no domingo (19), o presidente comentou sobre as tentativas de retirá-lo do poder através de ações de impeachment.
Para apoiadores, o chefe do Executivo declarou que os votos obtidos em 2018 valem até 2022 e disse que uma futura vontade de trocar o administrador do país deve acontecer através das eleições populares.
“A gente acredita em vocês, vocês estão aqui no coração, fazem movimentos democráticos para exatamente mostrar que o voto de vocês de 2018 vai valer até 2022. Quer trocar? Troque nas urnas”, disparou o presidente (Com informações da Folhapress)
“Democracia se garante com respeito às urnas”, diz professora
A professora e colunista da Folha da Região, Ayne Regina Gonçalves Salviano, destaca que os resultados das urnas devem ser obedecidos, e qualquer mudança depois das eleições devem seguir os ritos da democracia, que são entre poder, como já aconteceu na história com os ex-presidentes Fernando Collor de Melo e Dilma Rousseff, que foram retirados do poder por meio do impeachment.
Ela, que também lamentou os ataques, afirmou que é importante que a sociedade brasileira passe pelo processo de amadurecimento da democracia.
“As pessoas precisam aprender a votar e a respeitar os resultados”, afirmou ela, que ainda acrescentou que a polarização entre a esquerda e a direita é fruto de uma visão maniqueísta da sociedade, onde só existem dois pólos antagônicos.
“Ou é A, ou é B. E as pessoas não conseguem entender que existem outras propostas que não estão relacionadas a estes dois opostos. No caso brasileiro, a polarização tem trazido resultados ruins para sociedade como um povo. Mas acredito que ela vai continuar influenciando as eleições deste ano porque nós estamos vivendo um momento de polarização política muito acirrada. Não é que não existia no passado. Existia, mas não de forma tão acirrada no sentido de violenta”, explica.