Um lavrador de 76 anos, morador no bairro rural Água Limpa, em Araçatuba, procurou a Polícia nesta terça-feira (28) para denunciar uma empresa por estelionato. Ele investiu R$ 88 mil em criptomoedas e após receber seis parcelas do que seria referente aos juros, perdeu contato com a empresa, que tem sede em Araçatuba e foi alvo de operação da Polícia Civil em dezembro de 2019.
O lavrador foi à delegacia acompanhado de um advogado e relatou que foi procurado por duas funcionárias da empresa que trabalha com intermediação de investimentos em criptomoedas. O homem fez um contrato com a empresa, que tem sede em um edifício comercial na avenida Brasília, e investiu, em janeiro de 2019, R$ 88 mil, com promessa de juros de 8% ao mês.
O lavrador chegou a receber seis parcelas no valor de R$ 7.072,00, totalizando R$ 42.432,00. No entanto, em janeiro deste ano, quando houve uma operação da Polícia Civil de Araçatuba no local, ele deixou de receber os valores e perdeu contato com a empresa.
Quando entra em contato, são fornecidos outros números de telefones de outras empresas, que por sua vez alegam que não são
responsáveis pela garantia do referido contrato. O lavrador pediu instauração de inquérito policial pelo crime de estelionato.
Operação
Investigação realizada desde o começo de 2019 pela Polícia Civil aponta que centenas de pessoas no país caíram no golpe do investimento por meio da compra de moedas virtuais da empresa denunciada pelo lavrador.
O prejuízo seria de pelo menos R$ 5 milhões, segundo um levantamento da Delegacia Seccional de Araçatuba. No dia 17 de dezembro de 2019 policiais civis cumpriram sete mandados de busca no âmbito da operação Lucro Fácil, desencadeada para desarticular o esquema.
Segundo o delegado Alessander Lopes Dias, assistente da Delegacia Seccional de Araçatuba, o alvo principal da ação foi a empresa de Araçatuba, com sede no edifício comercial New York Tower, na avenida Brasília, em Araçatuba.
De acordo com a polícia, a empresa oferecia lucros bem acima do mercado para investidores interessados na compra de moedas virtuais ou cotas envolvendo várias criptomoedas. A empresa funcionava como se fosse uma corretora. Conforme apuração da polícia civil, os clientes recebiam os supostos lucros apenas nos primeiros meses de investimento, como o caso denunciado pelo lavrador.
Acreditando em lucros vultuosos, muitos deles investiam pesado. Segundo a polícia, a partir de então, o golpe era aplicado e os clientes ficavam sem mais nenhum contato com a empresa e com o dinheiro.
“Eles faziam a pessoa acreditar que o negócio era muito vantajoso, mas depois cortavam o contato sem devolver o dinheiro”, contou o delegado.
Segundo ele, só no Estado de São Paulo, foram identificados, até o momento, pelo menos 30 ocorrências de pessoas que se sentiram lesadas financeiramente pela empresa. Há várias ações na Justiça contra a empresa, que tem como sócio presidente um empresário de Birigui.