O número de sepultamentos na cidade de São Paulo aumentou 69% em maio deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com um levantamento obtido pela produção do Jornal Hoje. Foram quase 9.800 mortes em maio, exatamente 4 mil a mais do que no mesmo mês do ano passado.
O número de sepultamentos em geral na cidade aumentou mês a mês – inclusive antes de março – quando foi registrada oficialmente a primeira morte por Covid-19. Abril e maio têm as maiores altas: 51% e 69% a mais de sepultamentos, como mostra a comparação de janeiro a maio deste ano com o mesmo período do ano passado.
Maio também foi o mês com mais mortes por Covid-19. Foram mais de 2.500 na capital paulista. Nesta sexta-feira (5), a cidade registrou mais de 4.805 mortes.
Uma das vítimas do mês de maio é o Ariní Salles, de 76 anos. A missa de sétimo dia foi no dia do aniversário de casamento.
“Era para a gente estar comemorando 54 anos de casado dele com a minha mãe e ele falava muito, ‘vou casar de novo quero meus filhos juntos’, infelizmente não deu tempo”, conta Vivian Sales, filha dele.
5 enterros em meia hora
O cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo e considerado o maior da América Latina, faz até cinco enterros a cada meia hora.
Em um dia de grande movimento, as famílias ficam do lado de fora, esperando o momento de enterrar parentes sem velório. A van do serviço funerário passa a ser seguida por uma longa fila de carros. A equipe usa proteção especial.
O máximo que os parentes podem fazer é andar alguns passos segurando o caixão e observar por alguns instantes. Não dá tempo e nem é seguro fazer qualquer cerimônia.
De acordo com Edson Aparecido, secretário municipal de Saúde de São Paulo, o número de sepultamentos é um dado importante para a pandemia de Covid-19.
“Do ponto de vista de saúde pública, os três dados mais importantes são números de casos confirmados, as internações e depois os óbitos que evidentemente se consolidam com sepultamentos. É fundamental para ter um termômetro preciso de como a doença acontece na cidade de São Paulo”, afirma.
Segundo a Prefeitura, as mortes provocadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentaram em uma época fora do comum.
“É mais normal nesse período que estamos entrando agora, que é junho, julho e agosto com mudança da temperatura. A partir do dia 10, 11 de janeiro, o sistema de saúde público na cidade já iniciou a preparação para o enfrentamento da pandemia e ali a gente já via o crescimento da síndrome respiratória”, afirma Aparecido.