Com faixas e cartazes pedindo a saída do governador João Doria, vários empresários de Birigui fizeram um protesto nesse sábado (16) pelo fim da quarentena. Parte dos membros do protesto chegou a incentivar os comerciantes a abrirem as portas normalmente a partir de amanhã (18) “para não morrerem de fome”.
De acordo com os organizadores, o ato foi pacífico e teve o objetivo de chamar a atenção do governo estadual para a flexibilização da quarentena, que está em vigor até o próximo dia 31. Eles afirmaram à Folha da Região que o desemprego no município já é muito grande e que muitas empresas estão falindo.
Um dos membros do protesto, que não quis ter o nome identificado, disse que se houver uma grande adesão, o comércio e as empresas vão reabrir na próxima semana, a partir desta segunda-feira (18).
“Estamos vendo as famílias dos empresários e dos trabalhadores entrando em situação de fome. Ninguém aqui quer a morte das pessoas. Entendemos a questão de saúde pública. Mas pedimos que haja um bom senso. O governador está vendo apenas um lado da questão. Vamos nos lembrar disso nas eleições”, disse o comerciante.
CRISE ECONÔMICA
No final de abril, a Folha da Região publicou que com produtos em estoque, cancelamento de pedidos e sem fluxo de caixa, as indústrias de Birigui vivem uma crise sem precedentes.
As demissões atingiram, naquela altura, mais de 4 mil trabalhadores, somente no mês de abril, nos setores calçadista e metalúrgico. A justificativa é que, com o fechamento do comércio, em função da quarentena para conter o avanço da Covid-19, as empresas não têm para quem vender e a produção foi suspensa.
CALÇADOS
O polo calçadista de Birigui tinha, até então, 300 empresas e empregava cerca de 14 mil trabalhadores. As mais afetadas pela crise econômica causada pela pandemia sãs as de menor porte. Pelo menos quatro delas fecharam as portas, conforme o Sindicato das Indústrias de Calçado e Vestuário de Birigui (Sinbi). É o caso da Sonho de Criança, que demitiu seus 300 funcionários e encerrou as atividades. Já a Finobel dispensou os trabalhadores de chão de fábrica e manteve apenas parte dos que atuam no setor administrativo.
O problema é que estas empresas trabalhavam na produção de calçados de inverno, sobretudo botas, para abastecer o comércio no período mais frio do ano. Algumas estão com produtos em estoque, mas os pedidos foram cancelados.
“Tem muita indústria com matéria-prima para produzir, mas estes produtos não serão mais colocados no mercado diante deste cenário crítico”, afirmou o presidente do Sinbi, Renato Ramires, em reportagem publicada no dia 20 de abril.