A Câmara Municipal de Valparaíso recebeu, nesta terça-feira (31), pedido de renúncia do prefeito Roni Cláudio Bernardi Ferrareze (sem partido), afastado do cargo desde dezembro do ano passado. Ele, que é médico clínico geral, disse, em sua justificativa, que será mais útil como profissional durante a pandemia do Covid-19 do que como político.
“Foi uma decisão muito difícil de ser tomada, mas sou mais útil como médico do que como prefeito. É o momento de pensar na vida, não no cargo”, disse. Ferrareze disse, no entanto, que nada está definitivamente decidido ainda. “Me posicionei porque estamos atravessando uma pandemia, mas a decisão deste processo depende de um trâmite e o parecer do jurídico da Câmara”, afirmou.
O presidente da Câmara, Carlos Alexandre Pereira, o Xandy do Real (Cidadania), confirmou que o pedido já está no Legislativo e que não há necessidade de a renúncia ir ao plenário. “Só os pedidos de afastamento iam à votação”, disse, afirmando que aguarda o posicionamento do jurídico do Legislativo.
Ferrareze foi cassado pela Câmara de Valparaíso em fevereiro de 2018. Em dezembro de 2019 o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou, por três votos a zero, a sessão que aprovou a sua cassação.
Ao retornar ao cargo, porém, pediu afastamento. Em janeiro deste ano, quando deveria reassumir, protocolou novo pedido de afastamento e, no início de março, mais uma vez, foi afastado com a aprovação da Câmara.
O motivo da cassação em 2018 se deu após denúncia do ex-secretário de Indústria e Comércio, e também de Administração, Edson Jardim Rosa, o Edinho, de que havia sido convidado a fazer parte de um “esquema” para supostamente fraudar licitações.
O advogado que defendeu Ferrareze fez uma sustentação oral no Tribunal de Justiça, e conseguiu o retorno do prefeito ao cargo, por unanimidade. O então prefeito havia sido cassado pelo Legislativo por oito votos favoráveis e apenas três contrários.
ENTENDA O CASO
O ex-secretário Edinho protocolou a denúncia no Legislativo, junto a um arquivo com gravações de áudio, no qual ele afirmava que havia sido convidado a fazer parte de um “esquema” para supostamente fraudar licitações.
Na ocasião, o então prefeito disse que os áudios entregues não estariam na íntegra, e que houve uma forma errônea de interpretação, sendo que uma das afirmações que ele menciona, seria pelo fato de Edinho não estar satisfeito no cargo que ocupava, e como empresário, ele poderia ter mais rentabilidade frente aos seus negócios do que na prefeitura, mas que em nenhum momento a alegação foi com relação a fraudes em processos licitatórios ou algo parecido, como fora mencionado.
O caso ganhou muita repercussão na cidade após divulgação dos áudios gravados por Edinho, durante conversas com Ferrareze, o então chefe de gabinete e até com uma funcionária da prefeitura, e acabou resultando na época, na cassação do prefeito.