A quarentena imposta pela pandemia de coronavírus afetou o mercado do sexo na região de Araçatuba. Com a recomendação para que as pessoas fiquem com a família em casa, os clientes sumiram das ruas e os prostíbulos tiveram que fechar as portas pelo impedimento de aglomeração de pessoas. A situação é semelhante em cidades como Birigui, Presidente Prudente e Rio Preto.
Em Araçatuba, algumas ruas e praças no bairro Nova Iorque, que até pouco tempo atrás serviam de ponto encontro para os programas sexuais, estão vazias sem procura e nem oferta. Pâmela (nome fictício) disse que viu seus rendimentos reduzirem 80% após a quarentena.
“Hoje, consigo ficar apenas com clientes que já tinha contato no WhatsApp e mesmo assim é difícil encaixar horários por causa do isolamento”, disse ela. “Como a maioria dos clientes são casados, certamente eles têm dificuldade de dar desculpa para uma escapadela e deixar a esposa em casa nesse período”, observou a moça ao RP10 em entrevista via aplicativo de mensagem.
Outra garota ouvida pela reportagem disse que não consegue fazer nenhum programa há quase duas semanas. “Eu frequentava o Nova Iorque (bairro, em Araçatuba), e também tinha a opção de ir até uma casa (de prostituição) no bairro Palmeiras, mas não há mais clientes e minha reserva financeira já está acabando”.
Outra profissional do sexo revelou que ainda consegue alguns clientes por meio de anúncio em sites de encontro. “De vez em quando aparece um ou outro cliente daqui da cidade por causa do anúncio que eu tenho em um site e isso é o que está salvando um pouco”, observou.
A garota revela que costumava viajar para trabalhar em outras cidades, o que não é mais aconselhável no momento “Tive uma redução nos programas por causa do vírus e nem mesmo fazer promoção está adiantando”, lamenta ela.
A moça disse que costumava cobrar de R$ 200 a R$ 300 pelo programa, mas mesmo o desconto de 50% não é suficiente para atrair clientes.
Uma prostituta de Cascavel, no Paraná, disse que estava prestes a vir para trabalhar na região de Araçatuba quando houve o fechamento do estado para viagens de ônibus. “Tenho vários clientes em Araçatuba e gosto de ficar aí, mas agora só vou poder ir quanto tudo isso acabar”.
Em São Paulo, metrópole famosa pela gastronomia e pela noitada, a situação não é muito diferente, conforme a mídia tem noticiado nas últimas semanas.
A pandemia do coronavírus atingiu em cheio o mercado do prostituição e sexo como um todo na capital. Com a ausência de clientes, muitas casas de swing da cidade fecharam as portas deste em março. São elas Inner Club (195 reais o casal), Hot Bar (180 o casal) e Asha (150 o casal). Desacompanhados, os homens chegam a pagar 500 reais para entrar nesses endereços. Eles não têm data para reabrir.
A profissão mais antiga do mundo está em colapso porque não atende aos protocolos da Organização Mundial da Saúde, pois a saliva é um agente transmissor da covid-19 e o contato íntimo entre as pessoas aumenta a contágio.
A transmissão do coronavírus também pode ocorrer por superfícies contaminadas, como toalhas, roupas de cama e plásticos, ao encostar a mão e depois coçar a boca e olhos.
Home office a profissionais do sexo
A ministra de Direitos Humanos Damares Alves recomendou na quinta-feira (3) que profissionais do sexo prestem “serviço virtual” durante a epidemia do novo coronavírus, em cartilha do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
O texto da cartilha diz que “trabalhadores autônomos, profissionais do sexo e pessoas sem renda fixa infelizmente são mais prejudicados durante as recomendações de quarentena” e sugere: “Mas não é na crise que nascem as boas ideias? Se tiver que trabalhar, converse com seus clientes, tente a opção do serviço virtual”.