O promotor de Justiça Adelmo Pinho afirmou ontem (11) que vai pedir a nulidade do julgamento que absolveu (11) o réu Willian Henrique Pereira da Silva. Ele foi julgado acusado de participar da tortura e agressões que levaram a morte Robson Rill, em dezembro de 2008, no bairro São Rafael, em Araçatuba. A vítima estava sendo acusada de abusar sexualmente de uma criança quando foi agredida por cinco menores, além de Silva e Reidson Rodrigo de Castro, que está foragido.
No entendimento do promotor, a absolvição foi feita em um quesito que deixa claro um vício no entendimento dos jurados. Ele explicou que ao responder um questionamento do magistrado, os jurados entenderam que as lesões provocadas pelo réu não foram a causa da morte da vítima.
No entanto, o promotor explica que o réu agiu em concurso com várias pessoas e as agressões provocadas pelo grupo teve como consequência a morte da vítima. Ele ainda explica que, ao absolver o réu, os jurados foram contrários manifestamente às provas dos autos. Com base nestes dois argumentos o promotor disse que vai recorrer da decisão pedindo a nulidade do julgamento.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, formulada pelo promotor Sérgio Ricardo Martos Evangelista, os dois réus na companhia de mais cinco adolescentes, torturaram e mataram Robson Rill, que estava sendo acusado de ter sido flagrado manueseando o pênis de uma criança, na época com sete anos, além de estar com as calças abaixadas no momento do flagra.
Conforme a denúncia, a vítima conheceu uma mulher, na noite do dia 11 de dezembro de 2008, e foi até a casa dela, na rua Amadeu Vuolo. No local moravam três mulheres, o indiciado Reidson Fonseca e o menino de sete anos. Rill tomou vinho com as três mulheres e em determinado momento eles foram para um quarto nos fundos da casa.
Ele teria combinado um programa sexual com uma das mulheres, que acabou deixando o local. Depois a outra mulher também saiu do quarto. O cômodo estava sem energia elétrica e a mulher que havia ficado no local resolveu acender uma vela, porque não havia energia elétrica na casa.
Assim que o quarto foi clareado ela flagrou Robson Rill com as calças abaixadas e o pênis a mostra, manuseando o pênis da criança, que estava com o short abaixado. Neste momento ela pegou o menino e correu para a rua pedindo socorro, informando o que havia acontecido.
Quando Robson Rill tentava deixar a residência pelo lado externo foi cercado pelos réus e por cinco adolescentes. Ele passou a ser agredido pelo bando com golpe de telha, socos, chutes, joelhadas, pauladas e pedradas.
Em seguida, Robson Rill foi levado para dentro da casa, onde continuou a ser agredido pelos indiciados e pelos adolescentes. Depois ele foi amarrado em um caibro (sobre a porta da sala, que dá acesso ao quarto dos fundos), e continuou sendo agredido pelos indiciados e pelos adolescentes, mediante socos, chutes e pauladas.
Ainda amarrada, a vítima foi golpeada nas nádegas com um pedaço de pau. Além disso, cogitou-se introduzir o pedaço de pau no ânus da vítima. O MP apurou também que um dos adolescentes teria jogado solução de água com sal sobre o corpo da vítima, que estava cheio de ferimentos. Robson Rill foi submetido a intenso sofrimento físico e psicológico e seus gritos foram ouvidos por moradores vizinhos.
Na manhã de 12 de dezembro a polícia foi acionada. A vítima foi socorrida por ambulância do Samu, mas não resistiu aos ferimentos sofridos (politraumatismo), vindo a falecer em decorrência de um traumatismo crânio-encefálico.