A juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da Vara de Execuções Criminais de Taubaté (SP), proibiu o lançamento, a divulgação e a comercialização do livro-reportagem “Suzane, assassina e manipuladora”. A obra traz a história da paulistana condenada por matar os pais. Produzido pela editora Matrix, o livro é resultado do trabalho feito ao longo de três anos pelo jornalista Ullisses Campbell.
Na decisão, assinada em 12 de novembro, a magistrada acata o pedido feito pela defesa da detenta. Sueli Armani alegou que Suzane não foi entrevistada e que o livro tem informações sigilosas do processo, como laudos psicológicos. A juíza acrescentou que a obra não é de interesse público e traz danos morais irreparáveis para Suzane.
À coluna, o jornalista esclareceu que os dados e documentos contidos no livro foram obtidos quando o processo não estava sob sigilo, antes de junho de 2016, com autorização judicial. Ele rebateu os argumentos da juíza:
“Quem decide o que é de interesse público é o público, não a Justiça. Não preciso entrevistar a Suzane para escrever. E o que causa danos irreparáveis é o crime que ela cometeu, não o livro.” O repórter foi ao presídio de Tremembé, onde a jovem cumpre pena, nove vezes ao longo do processo de apuração. Ao todo, foram realizadas 136 entrevistas.
A magistrada é a mesma que deu indulto humanitário ao médico Roger Abdelmassih.
O advogado do escritor, Alexandre Fidalgo, disse que a publicação não foi feita com base em informações obtidas ilegalmente. “As outras peças do processo subiram à segunda instância e não estão em sigilo. Não há qualquer irregularidade”, ressaltou.