A maioria dos 630 funcionários da fábrica da Nestlé em Araçatuba rejeitou, em assembleia, a proposta da empresa que reduz vários benefícios dos trabalhadores, como o valor do tíquete-alimentação, adicional noturno e a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A data-base da categoria é em 1º de novembro.
Três rodadas de negociação foram realizadas entre o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Araçatuba e Região (Aliment-Ata) e representantes da multinacional, sem sucesso. A proposta da indústria foi rejeitada por 430 trabalhadores – 128 votaram a favor.
“Como os trabalhadores não aceitaram a proposta e não houve acordo com a empresa, o sindicato já está tomando as medidas cabíveis para garantir os direitos dos trabalhadores”, afirmou a presidente do Aliment-Ata, Dulce Helena Ferreira.
A proposta da empresa, que foi rejeitada pelos trabalhadores, prevê reajuste de 3,5% sobre os salários. No entanto, o Sindicato não concorda com a redução do piso de admissão, que cria uma nova categoria com vencimento de R$ 1.357,00, ante os atuais R$ 1.692,08.
TÍQUETE E PLR
Já o tíquete-alimentação passaria de R$ 680,00 mensais para R$ 350,00, com uma indenização no valor de R$ 4.950,00 pagas em duas parcelas, sendo uma de R$ 2.500,00, em 1º de dezembro, e outra, de R$ 2.450,00, a ser paga em dois de janeiro de 2020.
Mesmo com a proposta rejeitada pelos trabalhadores, a empresa, de maneira unilateral, já aplicou a redução do tíquete alimentação de R$ 680 para R$ 350. “Nós já estamos tomando as providências com relação a esta imposição”, afirmou Dulce.
A proposta patronal também reduz o adicional noturno, de 70% para 60%, em fevereiro de 2020, e caindo para 50% em outubro de 2020. A empresa também quer extinguir os quinquênios, benefício que o trabalhador recebe a cada cinco anos de firma.
A PLR (Participação nos Lucros e Resultados) que hoje é de R$ 6 mil mais variável de um salário, será reduzida para R$ 3.500 com variável de 1,5 salário mais 30% limitados a R$ 12 mil. O plano de saúde, que era 100% coberto pela empresa, passa a ter 20% de coparticipação para procedimentos de exames e consultas em consultórios, clínicas e pronto-socorro.
DEMISSÃO VOLUNTÁRIA
A proposta patronal inclui, ainda, o Programa de Demissão Voluntária, extensão do convênio médico para colaboradores e funcionários por até 120 dias após o desligamento da empresa, e tíquete alimentação por 3 meses, no valor de R$ 350, pagos no ato da homologação, além do pagamento de um salário a cada cinco anos trabalhados na empresa.
Os trabalhadores de Araçatuba foram os únicos do Estado a rejeitar a proposta da empresa. Os sindicatos que abrangem outras unidades da empresa, como Araraquara, São José do Rio Pardo, Araras, Caçapava e Marília, por exemplo, fecharam o acordo.
A presidente do Aliment-Ata reafirma que a rejeição pelas propostas foi decidida em assembleia pela maioria dos trabalhadores, que não concordam com a proposta final. “Por isso continuamos lutando em defesa da categoria para tentar, no mínimo, garantir os direitos adquiridos até o momento”, afirmou.