(Folha da Região) Com o objetivo de tentar dar a sua colaboração ao meio ambiente durante a prática de seu hobby, o paramotor, que também é sua profissão, o piloto, construtor e instrutor Marcelo Oliveira, conhecido como Marcelo Glider, vem esparramando sementes de ipê às margens do ribeirão Baguaçu e córregos da zona rural de Araçatuba.
Apesar de não ter a certeza sobre a eficácia do método que está utilizando, ele acredita que dará algum resultado, até mesmo porque as sementes, na natureza, são levadas pelo vento. Elas possuem uma fina camada de proteção que funcionam como um hélice, e voam longe quando bate qualquer vento.
Oliveira disse que perto de sua casa, no bairro São Rafael, existem vários pés de ipês, e nesta época do ano, a rua fica cheia de sementes. Ele vai juntando as sementes em sacos, e quando sai aos finais de semana para voar, sobrevoa as margens do Baguaçu e córregos da cidade, jogando as sementes em área onde percebe que não há vegetação. As ações começaram nas margens do Baguaçu no final de setembro.
Ele disse que é como se as sementes estivessem sendo espalhadas naturalmente, por isso acredita que parte do seu trabalho não será perdido. Para jogar as sementes ele passa voando mais baixo para tentar fazer com que as mesmas caiam nas áreas onde não há vegetação intensa.
O engenheiro agrônomo Washington Yassuda, que também é praticante de paramotor, explicou que é difícil traçar uma parâmetro para avaliar qual será o resultado desta ação, até mesmo porque isso depende de vários fatores, como clima, umidade do solo e outros detalhes. No entanto, ele diz que parte destas sementes com certeza irão germinar. Aí entra uma segunda fase, que é a do desenvolvimento.
As plantas ficarão a mercê da natureza para o seu desenvolvimento, motivo pelo qual não da para se prever os resultados, até mesmo em função da variação de locais onde estão sendo jogadas e onde podem parar. De acordo com ele, as sementes aguentam meses em período de dormência, ou seja, após jogadas, elas ficam em dormência, e quando receberem unidade devido a chuva, essa dormência é “quebrada” e nas condições ideais vai germinar.
PIONEIRO
Oliveira é o pioneiro do paramotor em Araçatuba. Apaixonado pelo voo, ele fez um curso de paraglider, que consiste no voo com uma vela semelhante ao paraquedas, onde o piloto decola de um morro, e utiliza as térmicas, que são camadas de ar com temperaturas mais elevadas, e as correntes de ar, para sustentar o voo.
Como em Araçatuba não tem morros para decolar, e ao ver uma reportagem na televisão de um casal que fazia voo com um paramotor (adaptação motorizada do paraglider) para semear uma área da região norte do país, ele decidiu pesquisar e construir o seu próprio equipamento.
Na época, há mais de 15 anos, o paramotor não era difundido no Brasil e os poucos praticantes tinham equipamentos somente importados. Então ele pegou um motor de aeromodelo de alta cilindrada (180cc), recortou a cadeirinha para carro, que era de sua filha, e usou para fazer o suporte do motor nas costas, e inventou seu próprio equipamento.
A invenção deu certo e ele começou a voar em Araçatuba. Aos poucos foram surgindo mais interessados e ele foi ensinando novos pilotos. Outros motores chegaram a ser montados artesanalmente e neste período o esporte começou a ser mais difundido, aumentando as ofertas de equipamentos, principalmente, na época, com preços acessíveis devido a cotação do dólar, que chegava a ser praticamente um para um, em comparação com o Real.
Em Araçatuba o esporte cresceu vertiginosamente e hoje a cidade é conhecida como a capital nacional do paramotor, com eventos de nível mundial e sede da única indústria de motores para esporte, na América Latina, além de fabricantes de equipamentos e instrutores da modalidade.