A indústria de calçados infantis Klassipé, de Birigui, demitiu, na manhã desta segunda-feira (3), cem trabalhadores. A empresa, que atua no mercado desde 1999, está em recuperação judicial há um ano, mas os credores não aceitaram a proposta de continuidade do processo, em assembleia realizada na última semana, por isso é possível que seja decretada a sua falência.
Em dezembro do ano passado, a indústria, localizada na Avenida Antônio da Silva Nunes, Jardim São Conrado, já havia demitido 115 trabalhadores. A crise deve-se às vendas no mercado interno, que despencaram nos últimos meses, tornando difícil a manutenção dos negócios.
Os cem funcionários demitidos nesta segunda-feira, inclusive gestantes, ainda não receberam o salário de maio, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados de Birigui.
A Klassipé também não pagou o décimo-terceiro salário de 2018; as férias (18 dias de 2018, acrescidos de um terço); a segunda parcela da Participação nos Lucros e Resultados de 2018 e a primeira de 2019 e ainda a multa de 40% sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Além disso, faz dois anos que a empresa não deposita o FGTS dos funcionários.
O Sindicato está acompanhando o caso. “Não vamos descansar enquanto os trabalhadores não receberem todos os seus direitos”, afirmou a presidente da entidade, Milene Rodrigues.
Os funcionários demitidos deverão sacar o FGTS que está depositado (há funcionários que tem mais de dez anos de empresa) nesta quarta (5), quinta (6) e sexta (7). Eles também terão direito ao seguro-desemprego.
AÇÕES
Milene orienta os trabalhadores a procurarem o sindicato com os documentos e o extrato analítico do FGTS (o documento pode ser retirado na Caixa Econômica Federal) para que sejam cobradas na Justiça do Trabalho as verbas rescisórias e o Fundo de Garantia que não foi depositado.
“Tudo isso vai ser pleiteado na Justiça. As verbas rescisórias são direitos líquidos e certos, portanto, não há o que discutir”, explica Milene.
EXECUÇÃO
O Sindicato dos Sapateiros já ingressou com ações dos trabalhadores que foram demitidos anteriormente e algumas estão em fase de execução.
Os créditos dos funcionários foram habilitados no processo de Recuperação Judicial, mas com a possibilidade de a falência da empresa ser decretada, a entidade está discutindo com a Justiça Trabalhista a liberação do pagamento aos trabalhadores.
“O trabalhador tem crédito privilegiado e deve receber antes dos demais credores”, explica a sindicalista.
OUTRO LADO
A reportagem entrou em contato com a empresa para falar sobre as demissões e o não pagamento dos direitos trabalhistas. A advogada indicada para falar com a imprensa disse que retornaria a ligação, mas não o fez até o fechamento desta matéria.
TIP TOE
A Tip Toe, outra empresa de Birigui em recuperação judicial, deverá decidir o seu futuro em reunião que será realizada nesta semana. A indústria tem 600 funcionários.
FÉRIAS COLETIVAS
Para não demitir trabalhadores, algumas calçadistas de Birigui optaram por dar férias coletivas para os funcionários.
O motivo é a crise econômica, que refletiu na falta de encomendas ao setor, que no ano passado produziu 42 milhões de pares de calçados e faturou R$ 1,37 bilhão.
Os números foram inferiores aos de 2017, quando foram produzidos 45,9 milhões com um faturamento de R$ 1,56 bilhão, conforme a Pesquisa de Desenvolvimento do Polo, realizada anualmente pelo Sindicato da Indústria de Calçados e Vestuário de Birigui (Sinbi).
SERVIÇO
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçados de Birigui fica na Rua Estados Unidos, 872, Jardim São Paulo. Atendimento jurídico é gratuito.