Inaugurado há sete anos, o Lar São João de Araçatuba abriga atualmente 25 idosos de ambos os sexos e enfrenta uma luta constante para não fechar as portas. A batalha é para oferecer as melhores condições aos internos, alguns deles debilitados, o que exige um cuidado mais que especial.
Muitos que estão ali foram acolhidos pela Justiça em situação de risco, após experimentar atos cruéis advindos dos próprios familiares. Outros foram recolhidos por não ter condição de se cuidar sozinhos em um mundo já sem amigos ou parentes próximos.
Para se ter uma ideia, o estoque de leite do asilo não é suficiente até a primeira semana de agosto. Para evitar que os internos fiquem sem o alimento, o Lar iniciou uma campanha nas redes sociais para a doação de leite longa vida. A ação vai até 15 de agosto.
Segundo Fernando Berti, relações públicas do lar, para participar e saber como ajudar os internos, basta CLICAR AQUI ou entrar em contato pelo telefone (18) 99714-0166.
Outra atividade que o Lar vai realizar para ajudar na arrecadação é o 6º Arraiá, com barracas típicas e outras brincadeiras. A quermesse acontece no dia 11 de agosto a partir das 19h na sede do Lar São João, na rua Panorama, 621, entre os bairros Panorama e Concórdia.
Conforme Fabiana Lia Marcente, coordenadora da entidade, são essas atividades que complementam a receita do lar e garantem a sobrevivência do projeto assistencial em Araçatuba. Atualmente, o asilo tem despesa que gira em torno de R$ 60 mil por mês. A ajuda governamental é de apenas R$ 8 mil, considerando a subvenção do município, estado e união.
Para complementar a renda, o asilo conta com doações e atividades para arrecadação de verba como as campanhas beneficentes em curso.
Visita
A reportagem do Regional Press esteve no Lar São João na sexta-feira (27). Na entrada é possível notar a fragrância de um passado que se mistura a um presente incerto, mas com boas doses de esperança.
Logo na porta, uma interna puxou assunto após ser cumprimentada. Ao falar de um passado muito distante, sua voz adquiriu um tom de nostalgia ao navegar nas próprias lembranças. No asilo, os dormitórios se comunicam por um corredor carregado de memórias daqueles que por ali viveram.
No andar superior, o espaço é usado para um bazar da pechincha. No salão, as roupas adormecidas esperam por clientes que quase nunca aparecem.
O bazar acontece toda quarta-feira das 14h às 16h, mas tem atraído pouquíssimas pessoas, comprometendo a arrecadação do projeto. Fabiana faz um convite para que a população conheça o asilo e o seu bazar a pechincha.
Aniversário
Na sexta-feira os internos participaram de uma festa para comemorar os aniversariantes do mês. Com gestos densos, os idosos aguardavam ansiosos no refeitório.
Quase imóveis diante do bolo, os internos pareciam dominados por uma fascinação instantânea, como se tivessem voltado à infância.
Durante a comemoração, foi impossível não notar o olhar distante daquelas internas que estavam na mesa do canto, como mostra a foto abaixo. Pareciam sonhar com a realidade e, ao mesmo tempo, tinha-se a impressão de que a realidade não passava de um sonho.
Durante a visita, o carinho empregado pela cuidadora para alimentar a idosa frágil e indefesa chama a atenção e desperta para uma reflexão: como pode o Estado, uma máquina rica e poderosa, deixar nossos idosos à mercê da sorte e da boa vontade de voluntários que se desdobram para garantir o mínimo de dignidade?
Ali, muitas histórias de vida se confundem. Alguns com muitos anos de solidão, mas todos com muita esperança de apenas sobreviver.
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