O policial militar Victor Cristilder Silva dos Santos, de 32 anos, foi condenado nesta sexta-feira (2) a 119 anos, 4 meses e 4 dias de prisão. A defesa informou que vai recorrer.
A decisão foi anunciada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no quarto dia de júri popular no Fórum de Osasco. O PM é o quarto e último agente julgado por envolvimento na maior chacina da história de São Paulo.
A condenação foi por 4 votos a 3. O réu já estava preso preventivamente e não poderá recorrer em liberdade. Ele foi a acusado de ter assassinado 17 pessoas e ter tentado matar outras 7 no dia 13 de agosto de 2015 em Osasco e Barueri, cidades da Grande São Paulo.
Cristilder, que é conhecido como Boy, sempre negou o crime, segundo seu advogado, João Carlos Campanini.
Ele também deverá ser submetido a outro julgamento por um crime cometido em Carapicuíba, na Grande São Paulo. O policial havia sido absolvido da acusação de envolvimento no homicídio e na ocultação do cadáver de Michael Amaral Ribeiro, em agosto 2015 em Carapicuíba.
No entanto, ele teve a sentença reformada pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo e agora será levado a outro júri popular em Carapicuíba, em data a ser definida.
Outros três condenados
Em setembro de 2017, a Justiça condenou três outros agentes pelos crimes. O PM da Rota Fabrício Eleutério foi condenado a 255 anos, 7 meses e 10 dias de prisão; o policial militar Thiago Henklain a 247 anos, 7 meses e 10 dias; e o guarda-civil Sérgio Manhanhã a 100 anos e 10 meses.
De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público (MP), os agentes decidiram sair armados e encapuzados cometendo execuções em comunidades para vingar as mortes de um policial e de um guarda, dias antes. Todos os citados negam ter participado da chacina.
Apesar de Cristilder pertencer ao mesmo processo dos outros três agentes, sua defesa recorreu à Justiça da decisão que o levou a júri popular para ele ser julgado em separado dos demais. A juíza que irá dar a sentença a partir da decisão dos jurados é Élia Kinosita Bullman.
A chacina
O caso da chacina na Grande São Paulo ganhou repercussão internacional à época. Além do número de mortos, câmeras de segurança gravaram homens mascarados executando as vítimas num bar em Barueri, cidade que registrou três mortes. Antes, outras 14 pessoas foram mortas a tiros em diversos locais de Osasco. A matança ocorreu no período de cerca de duas horas. Moradores relataram os crimes pelo WhatsApp.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) chegou a cobrar das autoridades brasileiras o esclarecimento das mortes e punição dos assassinos. O governo paulista criticou as declarações do órgão.
Uma força-tarefa composta pela Polícia Civil, Corregedoria da Polícia Militar (PM) e Ministério Público (MP) foi criada e concluiu que quatro policiais militares e um guarda-civil participaram das execuções. Segundo a apuração, apesar das mortes terem ocorrido em oito lugares diferentes, elas foram cometidas pelo mesmo grupo. Membros da investigação consideram essa chacina a maior do estado de São Paulo.
Cada um dos agentes é acusado por um número diferente de mortos e feridos.