O clima esquentou na 38ª sessão ordinária da Câmara de Araçatuba (SP), entre os vereadores Arlindo Araújo (PPS) e Dr. Almir (PSDB). No Pequeno Expediente, fase em que os vereadores têm 10 minutos para discursar sobre temas livres na tribuna, o decano da casa – Arlindo está em seu sétimo mandato – fez duras críticas à postura do novato Almir, que publicou no dia 23 de novembro, em seu perfil no Facebook, um texto sobre a aprovação do Projeto de Lei 109/2017 (de autoria dele, Almir) que dispõe sobre o tratamento da leishmaniose visceral canina.
Visivelmente nervoso, a ponto de socar a tribuna e deslocar o microfone, Arlindo chamou Almir de irresponsável (por lidar de forma primária com uma questão de saúde pública), antiético e covarde. E emendou que, se o colega se vê no direto de chamá-lo de vereador veterinário, ele (Arlindo) pode chamar Almir de vereador “vassalo”. Isso porque, segundo Arlindo, Almir chamava os vereadores da legislatura anterior de “cambada”, e, ao assumir uma cadeira na casa, passou a ser subserviente ao prefeito, uma de suas principais críticas aos legisladores municipais.
Concluída a fala de Arlindo, Almir respondeu que preferia conversar com colega em outra ocasião, haja vista o seu destempero, e classificou a atitude de Araújo como possível quebra de decoro parlamentar. E arrematou: “Com pessoas assim a gente tem que tomar cuidado”. Araújo replicou: “Se o senhor se sentiu ofendido, faça uma representação à comissão de ética. Eu não estou destemperado, só estou um pouquinho nervoso. Cite o meu nome mais uma vez e aí o senhor vai ver com quem está mexendo”.
“Tratamento”
Depois de Almir sugerir nas entrelinhas de sua fala que Arlindo precisava “de tratamento”, o vereador do PPS comentou: “Aqui em Araçatuba tem tratamento pra tudo. Fecharam o Benedita Fernandes, mas tem tratamento pra tudo (propondo subliminarmente que quem precisa de “tratamento” é Almir). Só estou um pouco alterado por conta da injustiça e da forma contumaz com que o vereador Almir se refere a minha pessoa e também aos outros colegas vereadores.
Dirigindo-se a Almir, Arlindo concluiu: “Não quero conversa com o senhor. Faça o seu trabalho que eu faço o meu. Só que não vou aceitar mais esse tipo de coisa. Vou resolver esse negócio de outro jeito”.
A Postagem
Na postagem que gerou a discórdia, o vereador do PSDB não citou nominalmente Arlindo, mas fez menção ao “vereador veterinário”, deixando a entender que venceu uma disputa legislativa, ao propor o tratamento do cão doentes antes da eutanásia.
Veja o texto da postagem: “Estava aguardando esta Lei desde antes de ser eleito vereador. Em um embate nos jornais locais entre eu e o vereador veterinário, que se prolongou de 29/09/2001 até 04/01/2002, em que eu defendia os animais e o veterinário a eutanásia (este embate foi de grande repercussão na cidade), já vislumbrava a vontade de alterar esta lei em Araçatuba se um dia fosse vereador. Portanto, está aí, fiz exatamente o que sempre foi o sonho dos “amigos e protetores dos animais”. Realizei meu sonho e meu compromisso com os peludos. Não à eutanásia! Leishmaniose tem tratamento. DesAta, minha querida Araçatuba!!!”
Em suas explicações sobre o tratamento da leishmaniose visceral canina, Arlindo argumentou que, no passado, não existia tratamento para a doença e, por isso, ele seguia o protocolo cientificamente indicado. Atualmente, segundo o vereador veterinário, existe tratamento, que não garante cura definitiva. Alertando para a gravidade da doença, comentou também que o projeto de lei de Almir ainda permite a eutanásia.