“Pesquisa da FecomercioSP aponta que setores de autopeças e acessórios (-26,6%) e supermercados (-6,1%) foram os principais responsáveis pela queda”
Em outubro do ano passado, as vendas do comércio varejista da região de Araçatuba atingiram R$ 748,3 milhões, queda de 2,6% em relação ao mesmo mês de 2015. No acumulado dos dez meses do ano, houve crescimento de 2,6% e nos últimos 12 meses alta de 0,9%.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).
Sete das nove atividades pesquisadas apresentaram retração em outubro na comparação com o mesmo mês de 2015. Os destaques negativos foram os segmentos de supermercados (-6,1% e impacto negativo de 2,2 pontos porcentuais (p.p.) para o resultado geral), de autopeças e acessórios (-26,6% e contribuição de -1,2 p.p.) e concessionárias de veículos (-7,8% e contribuição de -0,6 p.p.).
Por outro lado, os segmentos de farmácias e perfumarias (25% e colaboração de 1,7 p.p.) e outras atividades (3,2% e contribuição de 1 p.p.) apresentaram crescimentos nas vendas do varejo em outubro e impediram um resultado geral pior.
Desempenho estadual
Após uma série de quatro altas consecutivas, o faturamento real do comércio varejista paulista apresentou recuo na comparação interanual.
Em outubro, as vendas do setor diminuíram 1% em relação ao mesmo mês de 2015 e alcançaram R$ 49,2 bilhões, cerca de R$ 505 milhões inferior ao apurado no mesmo período de 2015.
Foi o terceiro menor resultado para o mês desde o início da série histórica em 2008. No acumulado do ano houve retração de 0,7% e em 12 meses, a queda foi ainda mais acentuada, de 2%.
Entre as 16 regiões analisadas pela Federação, houve uma divisão exata entre crescimento e queda, quando oito apresentaram aumento no faturamento e outras oito registraram retração nas vendas em outubro, na comparação com o mesmo mês de 2015.
Os piores desempenhos foram registrados pelo varejo das regiões de Osasco (-14,2%), Guarulhos (-4,8%) e Bauru (-4,6%). Já os melhores resultados foram observados nas regiões do ABCD (4,5%), Araraquara (3,8%) e Jundiaí (3,1%).
Das nove atividades pesquisadas, quatro mostraram aumento em seu faturamento real em outubro, sendo elas: farmácias e perfumarias (11,6%), autopeças e acessórios (2,4%), outras atividades (1,5%) e supermercados (0,9%). Essas altas contribuíram para o resultado geral com 1,5 pontos porcentuais (p.p.).
Já as retrações foram apresentadas pelos grupos de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-16,7%), lojas de vestuário, tecidos e calçados (-7,6%), materiais de construção (-5,4%), lojas de móveis e decoração (-2,7%) e concessionárias de veículos (-0,8%), contribuindo negativamente com 2,5 p.p. para o resultado geral.
Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, nem mesmo a sequência positiva alcançada desde junho nos índices mensais do varejo poderia garantir uma taxa adequada de crescimento do varejo paulista em 2016.
Com a nova queda em outubro, mês tradicionalmente forte para o comércio, a Federação aponta que se consolida ainda mais o prognóstico de um possível crescimento nulo para o fechamento de 2016, mas com grande possibilidade até mesmo de uma pequena queda em comparação a 2015.
Expectativa
De acordo com a FecomercioSP, o baixo desempenho do varejo revela a profundidade da atual crise econômica do País e a impossibilidade de solução em curto prazo. Mesmo assim, a Entidade pontua motivos que mostram que o futuramente do setor tende a melhorar: a taxa de inflação já mostra sinais claros de enfraquecimento, o que tem permitido a redução das taxas de juros; o nível de confiança dos consumidores e empresários também estão em patamares bem maiores do que há um ano; e o comércio exterior vem apresentando resultados positivos e que podem dar início a um processo de reativação do setor industrial.
Apesar dos indicativos positivos, a retomada do crescimento do comércio varejista ainda depende da recomposição da renda das famílias, que se mostra improvável no curto prazo.
Por conta disso, a Federação acredita que o ano tende a se encerrar com apenas duas atividades apresentando crescimento, justamente aquelas que têm conseguido evitar os impactos negativos da recessão varejista desde o seu início: supermercados e farmácias e perfumarias, que se beneficiaram da forte queda registrada nos segmentos de bens duráveis e semiduráveis. Com isso, o comércio paulista tende a mostrar um índice anual de variação de vendas reais entre 0% e -1%.