Os irmãos e advogados Vanila Gonçales e Davi Gonçales, de Birigui, presos na operação Ethos, contestaram as declarações prestadas por Luiz Carlos dos Santos, ex vice-presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa Humana).
Santos disse à polícia que os irmão seriam os responsáveis por cooptá-lo para trabalhar em favor do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Santos e os irmãos de Birigui estão no centro de uma investigação que resultou na prisão de 36 advogados na semana passada. O assunto repercute até hoje na imprensa nacional.
Luis Carlos disse à polícia que passou a trabalhar para o PCC em julho de 2014 após ser procurado por Vanila e Davi para realizar uma inspeção, em nome do Condepe, na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, onde está reunida a cúpula da facção criminosa.
Ele alegou que recebia dinheiro da organização e que chegou a ser ameaçado caso deixasse de servir aos interesses do PCC.
A defesa de Vanila e Davi falou com o RegionalPress neste domingo (27).
A advogada Ana Elena Alves de Lima, que representa os irmãos de Birigui, informou que seus clientes “negam veementemente qualquer participação, bem como, desconhecem qualquer esquema ligado ao PCC”.
A advogada disse que seus clientes conheceram Luis Carlos em ocasiões estritamente profissionais “por terem levado ao Condepe denúncias, de alguns clientes sentenciados (presos) e seus familiares, de violação de direitos humanos”.
“Estamos encarando a situação com tranquilidade, tanto que a Dra. Vanila e o Dr. Davi já haviam requerido à autoridade que preside o inquérito exame grafotécnico, quebra de sigilo bancário, telefônico e tudo o mais que a autoridade achasse necessário para chegar a verdade real dos fatos, visto que quem deve não teme”, observou Ana Elena.
A advogada diz que a inocência de seus clientes será provada no decorrer da instrução processual. “Ressaltamos que o Sr. Luiz já responde a outros processos enquanto que meus clientes não têm uma única mácula em sua vida pregressa”, disse Ana Elena.
“Ressalto ainda o fato que meus clientes estão com problemas de ordem financeira, ante a crise econômica que o país atravessa, inclusive com contas particulares e financiamentos em atraso, como milhares de brasileiros”.
INVESTIGAÇÃO
Segundo consta nos autos, a investigação teve início em maio de 2015, após o encontro de uma carta durante varredura de rotina na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, em Presidente Venceslau.
A anotação trazia a informações de que os advogados Davi Gonçales e Vanila Gonçales, estariam mancomunados com um integrante do Condepe (Conselho Estadual da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Luiz Carlos dos Santos, sendo que este receberia mensalmente a quantia de aproximadamente R$ 5 mil, pagas pelo PCC para obter informações privilegiadas dentro do referido Conselho.
Conforme os autos do Ministério Público, “com o decorrer das investigações, descobriu-se que, muito mais do que a intervenção da organização criminosa em um organismo vinculado ao Estado, mas sim, um grande esquema de pagamentos de propinas a agentes do Estado ou de integrantes de organizações de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, a partir de uma célula da organização criminosa, composta por mais de 40 advogados, cujo objetivo é, além destes pagamentos, a prestação de assessoria e lavagem de capitais”.
A investigação culminou na operação Ethos, no dia 22 de novembro, gerando a prisão dos advogados investigados e na apreensão de computadores e documentos que estavam nas casas e escritórios deles.
Os documentos estão sendo analisados por uma equipe composta por cerca de 20 policiais do Deinter-8 (Presidente Prudente).
Os advogados presos tiveram as prisões temporárias prorrogadas. Vanila está no presídio feminino de Tupi Paulista e Davi permanece preso na penitenciária de Presidente Venceslau, a mesma que abriga Luiz Carlos dos Santos.
Veja a íntegra da nota da defesa dos advogados Vanila e Davi Gonçales:
“Ainda não tivemos acesso ao interrogatório de Luiz Carlos Santos, entretanto nas diversas oportunidades nas quais meus clientes foram ouvidos, negam veementemente qualquer participação, bem como desconhecem qualquer “esquema” ligado ao PCC, e afirmam terem conhecido o Sr. Luiz Carlos, por terem levado ao Condepe, cuja função é encaminhar denuncias de violações de direitos praticadas em órgãos do governo estadual ou por servidores estaduais, como nas penitenciárias, nas comunidades terapêuticas ou por membros da Polícia Militar, denuncias de alguns clientes sentenciados (presos) ou de seus familiares, de violação de direitos humanas, dentro do complexo penitenciário, para às devidas apurações, encontraram–se por algumas ocasiões em eventos relacionados aos Direitos Humanos, como uma passeata em Presidente Venceslau, jamais realizaram qualquer proposta ou pagamento, muito pelo contrario foram convidados pelo Sr. Luiz Carlos, para integrarem uma outra entidade não governamental, voluntariamente em prol dos Direitos Humanos, chegando até a receberem a carteirinha, entretanto com data de emissão errada, sendo inutilizada.
Estamos encarando a situação com tranquilidade, tanto que a Dra. Vanilla e Dr. Davi, já haviam requerido á autoridade que preside o inquérito exame grafotécnico, quebra de sigilo bancário, telefônico, e tudo mais que a autoridade achasse necessário para chegar á verdade real dos fatos, visto que quem não deve não teme, e estavam colaborando com as investigações, sendo as prisões desnecessárias.
Ressalto ainda o fato que meus clientes, estão com problemas de ordem financeira, ante a crise econômica que o país atravessa, inclusive com contas particulares e financiamentos em atraso, como milhares de brasileiros, repisas-se não fazem parte nem de “esquema”, e sequer do jurídico do PCC, e a inocência deles será comprovada no decorrer da instrução processual”.
Ana Elena Alves de Lima, advogada